segunda-feira, junho 10, 2002



Talking Heads em 1979




MEDO DE MÚSICA


Talking Heads


Formado em 1975 na escola de design do estado de Rhode Island, em plena era Punk, os Heads fizeram de sua inabilidade musical o seu grande atrativo, extraíram motivos oblíquos de seus instrumentos num ritmo frenético e dançante.

O grupo era integrado por Chris Frantz na bateria, sua namorada Tina Weymouth no baixo e o amigo David Byrne nos vocais e guitarras. Jerry Harrison (ex-Modern Lovers) viria, mais tarde, juntar-se ao grupo.

Já como um quarteto, lançaram Talking Heads ’77, disco tão avassalador que chamou a atenção de Brian Eno – que se ofereceu para produzi-los. Dessa associação, surgiu o fundamental More Songs About Buildings and Food, um disco perfeito, evolução natural do anterior.

Em 1979 os Heads lançaram a obra-prima Fear of Music, um álbum conceitual, energético e muito diferente dos anteriores; uma coleção de canções herméticas, repletas de riffs memoráveis, uma cozinha impecável, destacando-se o baixo de Tina: leve, de contorno expressionista, somado a um poder de entrosamento com os outros instrumentos, principalmente com a bateria tocada pelo marido, Chris Frantz.

O álbum falava de esquizofrenia urbana, medo, solidão e fracasso da vida moderna. Em “Mind” Byrne tenta alertar um interlocutor sobre perigos que o cercam, mas nem mesmo Byrne, Deus ou drogas o mobilizam – o interlocutor não dá a mínima – constatação da superficialidade e indiferença nas relações humanas. Em “Animals”, Byrne diz não gostar de animais, por eles serem mais espertos que os seres humanos. “Cities” tem um ritmo hipnótico, Byrne cita os pontos negativos das cidades, concluindo que nenhuma delas serve para se morar, seja Londres, Birmingham ou Memphis.

O ano de 1980 foi muito importante para o grupo. Remain In Light é lançado, figurando entre os 5 discos mais importantes da década de 80, numa lista publicada pela Rolling Stone em 89. É inegável a qualidade do álbum: uma mistura de ritmos numa efusão premeditada, produção bem realizada e canções de apelo irresistível (vide “Once In A Lifetime”). Eno que era considerado um quinto elemento da banda, depois de Light, não mais produziria os Heads. Byrne ainda gravaria um disco com Brian Eno, o experimental My Life In The Bush Of Ghosts.

Como era previsível, os álbuns seguintes (Speaking in Tongues, Stop Making Sense, Little Creatures, True Stories e Naked) não repetiram o brilho dos quatro primeiros, mas não comprometeram a qualidade do grupo.

Os Talking Heads encerraram sua atividade em 1992. Byrne há muito lançava seus discos e inevitável foi que optasse por sua carreira solo e o selo Luaka Bop. Chris e Tina mantiveram um projeto chamado Tom Tom Club, que existe desde 1981.

Em 1996, Tina, Chris e Harrison tentaram convencer Byrne a gravar mais um disco sob o nome Talking Heads. Diante da recusa, convidaram muitos vocalistas para No Talking, Just Head (Debbie Harry, Johnette Napolitano, Richard Hell, entre outros). assinaram o álbum como The Heads evitando serem processados por Byrne (que já havia ameaçado), caso utilizassem o nome Talking Heads. Foi uma pena Byrne não aceitar o convite, porque No Talking... é um disco interessantíssimo. Talvez Byrne estivesse acometido de um profundo medo de música.




Os Heads, perto do fim





1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Por que nao:)

20 de novembro de 2009 às 21:30  

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