Recentemente, numa resenha sobre a discografia do Leonard Cohen, mais propriamente um disco chamado "Death Of A Ladies' Man", eu disse que o Lambchop, Tindersticks e Smog precisariam beber muito para chegarem aos pés de Cohen.
Continuo pensando assim, mas é bom deixar bem claro: amo todas essas três bandas que listei. Não foi com o intuito de depreciá-las que utilizei a comparação. Claro que o Leonard Cohen ganha disparado dessas bandas, mas o que digo é que elas não são tão derivativas e guardam sua originalidade e, apesar das mesmas fontes, são bem diferentes uma das outras.
Para compensar meu mea culpa comentarei, brevemente, três albuns fundamentais desses grupos.
Segundo e melhor álbum dos ingleses Tindersticks. Elegante é o adjetivo correto para definir o grupo. O disco inicia-se com a beleza estranha de "El diablo en ol ojo" passando pelas confessionais "A night in", "My sister", com os vocais de apoio de Isabel Monteiro (do Drugstore), "Tiny Tears" e os clássicos "No more affairs" e "Travelling light", um dueto de Stuart Staples e Carla Torgerson (dos Walkabouts) à moda de Lee Hazlewood & Nancy Sinatra. Saiu no Brasil na época pela gravadora Atração e uma boa garimpagem em sebos poderá lhe valer a obra-prima dos caras. Essencial ter na discografia de qualquer ser que aprecie ambientes escuros, bebidas e a companhia de alguém, muito, mas muito especial.
O smog faz parte da civilização: a palavra é muito conhecida em muitos idiomas e quase sempre se pronuncia com acerto para descrever um problema vinculado ao desenvolvimento: o da poluição urbana. A palavra reúne dois conceitos, os de "smoke" e "fog", que em português se traduz sem ambigüidades como "fumaça" e "neblina". Nos países de língua espanhola às vezes usa-se uma adaptação da palavra "esmog", e há inclusive quem considere necessário copiar a fórmula para gerar um termo próprio: "neblumo".
Belo conceito é aquele que define o Smog de Bill Callahan, músico que atende por esse nome assim como Chan Marshall atende por Cat Power (que regravou "Red Apples") e grava discos com colaboração de ilustres figuras do mundo alternativo (John McEntire, Jim O'Rourke, entre outros). Músicas feitas para embalar aquelas tardes frias que enregelam a alma num desespero fremente. Callaham segue a escola emulando Leonard Cohen e Scott Walker sem peso na consciência. Melhor para todos, assim a equação de romantismo + música não fica restrita ao passado.
Arranjos de bom gosto, esquisitisse indie na medida certa, Knock Knock reserva mais qualidades das que enumeradas neste post. Corra atrás, nem que seja para ouvir apenas "Cold Blooded Old Times" (presente na trilha sonora de Alta Fidelidade), "Hit The Ground Running" (com direito a corinho feito por crianças), "No Dancing" (com guitarras distorcidas) e a bela ambiência de "Let's Move To The Country", com violinos e violoncelos em profusão.
Kurt Wagner deu um nó nas espectativas para o novo lançamento do seu Lambchop. Esquecendo do que fez em Nixon de 2000, o grupo partiu para melodias mais simples e tristonhas. O disco é um rosário de melancolia e pode ser definido, ao lado de Restos de un incendio do Migala, como um dos lançamentos mais depressivos do ano. O disco foi bem recebido, mas não sem um amargor daqueles que esperavam uma continuação do disco anterior. Eles mesmos definiram: "não fazemos discos para impressionar a crítica, e sim para nos dar prazer, e seria muito chato ter de refazer Nixon". Destaques: "The Daily Growl", "The New Cobweb Summer", "I Can Hardly Spell My Name" e "The Old Matchbook Trick". Aproveite enquanto existe edição nacional.
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