sábado, setembro 27, 2003

Sons Imagínarios


A banda perfeita não existe. Por este motivo continuo divagando entre discos que gostaria que existissem para tornar o mundo menos conflitante, a trazer sons para acalmar os mortais como se fossem “trombetas celestiais tombando num amanhecer de paz”.

Segue, então, outra lista dos melhores imaginários.




The Blank Strikers – Pooliest Star (Tipical Entertaiment, 2000)


Se o primeiro álbum era uma ode a soturnidade, este Pooliest Star é exatamente o oposto. Nessa coleção de canções a banda optou por criar climas ensolarados (“Metal Glue”), temas românticos (“Simple Fate”) e a recriação do clássico “Moon River”, tema do filme Bonequinha de Luxo.




Radial Hertz – She Fell a Pray to Drink (Damned, 1993)


Radial Hertz foi a única brincadeira em conjunto feita pelo cantor Victor Cortázar (de “Primeiros Temas”). Era de se esperar que ele não conseguisse sustentar-se no cargo de vocalista duma banda como Radial Hertz. Aqui as experimentações são incessantes e exigem muita dedicação do ouvinte. Na quinta audição é que percebemos como uma pequena pretensão artística rende belos trabalhos como este She Fell a Pray to Drink. Os destaques vão para a levada noise de “Wedding Cake” e “Stellita, My Star”, o minimalismo de “Closed” e a cover de “Drunk” de Vic Chesnutt.




The Stolen Drags - The Stolen Drags (Magical Frou-Frous, 2003)


Aqui reina um novo conceito de dance music sem conter nenhum som evidentemente eletrônico. Os Stolen Drags trabalham com texturas instrumentais simples, buscando o som mais dançante o possível. Não é fácil colocar o disco no cd player e ficar indiferente. É música para cabeça, tronco e membros. Fique com o hibridismo de “Folk Songs in Dance Hall Places”, “This Calvin Johnson’s T-Shirts” e a hipnose de “Look Behind You”.




Fear Trouble Sea – Normal Rust, Normal Blight (Cameo Disques, 2001)


Depois de criarem uma trilha sonora imaginária para o filme Being There, os Fear Trouble Sea, abandonaram seus temas conceituais para criação de música mais orgânica. Aqui o mote varia entre dinâmica das guitarras (“Velvet”, “Sin” e “Therapy”) e baladas repletas de orquestração (“Soul Mate”, “Take This Fuck” e “Louis Doesn’t Work”).




Moogbox – Electronic Music Composition - Peformance by Moogbox (Real Sounds, 2000)


Alunos aplicados da música eletrônica, os Moogbox não surpreendem quando lançam um bom disco. Embora pareça temático, o álbum é repleto de canções díspares que privilegiam o virtuosismo de todos os integrantes do disco. Ouça com atenção os sentimentos de “Regula”, “Private” e “Bedroom Vipers” e as harmonias perfeitas de “Tinder Golf” e “Singers”.




The Flamingo Kids – Flowers (Utops, 1990)


Flowers talvez tenha a melhor faixa de abertura de todos os tempos: “Prelude: Sisters”. Emociona logo a primeira audição. Um órgão melancólico acompanhado de baixo e bateria, conduz o ouvinte a paisagens repletas de flores cinzentas e de um frio pesado, quando na metade torna-se a canção mais alegre que ouvi. Há também as contidas “Blue” e “Fight this Heart”, as etéreas “Moon in my Country” e “Set This”.




Red Panama – Red Panama (Utops, 2001)


Red Panamá é o projeto formado por apenas um integrante que busca um som expressionista, forjando seu som em altas doses de distorção e vocais gritados. Mas não pense que seja um som difícil de ouvir. Não é. “Red” poderá salvar qualquer festa; “To Merlim” tem vocais distorcidos acompanhados por um violão e percussão discreta. Um álbum no mínimo instigante.




United Max Friends – Considerations (Tiger Recordings, 2003)


Os United Max Friends é um trio dos sonhos. Suas canções vigorosas qualificam de geniais os integrantes do grupo. Fica a certeza do que eles sabem exatamente o que desejam. Fazer música com contrabaixo, guitarra e bateria de uma simplicidade tremenda, como se eles inventassem a canção perfeita.




Eternal Tangos – Traps (Magical Toys, 1999)


Traps firma os pés em terreno sólido para falar de noites de farra, drogas, encontro com prostitutas e posterior desolação. Tudo sem a cara de pau de serem taxativos demais, na verdade um deslavado mea culpa – crise de consciência. “The Nite Before” recupera um Lee Hazlewood mais embriagado, “Drink w/ Me” uma ode aos efeitos do sexo regrado a álcool. Disco imprescindível na coleção de qualquer boêmio.




Pencils – Ann Baxter (54 rpm, 2003)


Ann Baxter é personagem da faixa “Best Part”, que é realmente a melhor parte do disco. Os Pencils foram muito elogiados com o primeiro disco, mas Ann Baxter é bem melhor e de longe o que mais possui estilo definido. Há outros grandes momentos: o ar rarefeito de “Luxury Boxes”, os metais suaves de “No One Girl” e as flautas sinceras de “Big Time”.