sábado, dezembro 13, 2003





Sidney Miller – Sidney Miller (Elenco/Universal, 1967)


Sidney Miller foi um grande cantor e compositor que surgiu na mesma leva de talentos como Chico Buarque e Paulinho da Viola. Com uma voz marcante e diferente, cantava seus sambas e choros mais que existenciais, que denunciavam uma possível carreira errante. Gravou apenas três álbuns e cometeu suicídio em 1980.

Fora de Catálogo há décadas, o relançamento de Sidney Miller vem coroar a melhor surpresa de 2003. Canções como “A estrada e o violeiro”, “Maria Joana”, “Minha Nega” e “Pede Passagem” comprovam a excelência das composições deste artista fascinante.

Sidney começou a escrever aos 17 anos e teve seu trabalho como compositor registrado em 1965, com a gravação de "Queixa", samba feito em parceria com Zé Kéti e Paulo Tiago. Participou de muitos festivais, produziu discos da Nara Leão, sua maior intérprete. Teve Canções regravadas, entre outros, por João Gilberto e Paulinho da Viola.

Mauro Dias, publicou no Estadão em 1 de abril de 2002:

“Quando ouviu as músicas do menino Sidney Miller, em 1966, Nara Leão gostou tanto que não conseguiu escolher uma para gravar. Escolheu cinco.

Falava-se, naqueles tempos difíceis, por metáforas. Mas o interlúdio idílico do carnaval não era, para Sidney Miller, uma atenuante (como apareceu e aparece tantas vezes na música popular); nem mesmo representava um possível motor revolucionário (na tese tão cara a Chico Buarque).

O que se vislumbra nos versos do samba é a desilusão impagável. Os últimos versos dizem: "Vai, balança a bandeira colorida/ Pede passagem pra viver a vida."

Não deram. Sidney Miller suicidou-se no dia 16 de julho de 1980, aos 35 anos.

Deixou obra relativamente curta e, de ponta a ponta, extraordinária. Era comum que se comparassem Sidney Miller e Chico Buarque. Pareciam parecidos - não eram. Em comum, tinham o trabalho de poesia precioso sobre estrutura melódica e harmônica de aparência simples, além do olhar crítico.

Mas o que em Chico sempre foi alento, em Sidney era desilusão. Foi um dos compositores mais tristes da história da música brasileira."