(Fevereiro/Março de 2004)
Sun Kil Moon é a nova banda de Mark Kozelek e Anthony Koutsos (Red House Painters). Mas o adjetivo novo não se aplica a atmosfera do álbum. Sente-se ainda aquele frescor das guitarras dos dois últimos álbuns dos Painters (Songs For a Blue Guitar e Old Ramon), talvez o grande trunfo e razão deste disco. A formação do grupo inclui Tim Mooney (American Music Club). Kozelek nunca entrou na corrida para gravar o disco do ano, não projetou sua banda para a próxima revolução musical e nunca procurou confundir seus fãs com o ecletismo exacerbado destes tempos, e vale muito a pena conhecer sua obra completa, caso contrário perde-se a oportunidade de ouvir versos tão simples e bonitos como os de “Glen Tipton”:
“I put my feet up on the coffee table / I stay up late watching cable /I like old movies with Clarke Gable /Just like my dad does /Just like my dad did when he was home /Staying up late, staying up alone / Just like my dad did when he was thinking /Oh, how fast the years fly”
A despeito das evolução gradativa que vem ocorrendo a música dos Stereolab, irei direto ao ponto: O Stereolab retrocedeu. Em Margerine Eclipse temos a banda de Mars Audiac Quintet. Tentei muito não cair na tentação fácil de iniciar uma resenha a comparar este álbum com algum outro da discografia do grupo. Mas explico, para alguns artistas o fato de buscar soluções já experimentadas é uma forma de resolver uma estagnação criativa em que os resultados, geralmente, são decepcionantes. Mas, felizmente, este não será o caso do grupo. A evolução que eu mencionei nunca foi tão radical, apesar dos últimos álbuns serem menos pop (a coroação fica com Cobra and Phases Group... de 99), os Stereolab sempre se mantiveram numa unidade sonora impressionante, em discos que são, na verdade, variações mínimas da proposta musical do grupo.
Outro possível motivo para Margerine Eclipse possuir direção mais tradicional do grupo, foi o desejo de recomeçar. Pouco depois de um ano do acidente que vitimou a guitarrista e vocalista Mary Hansen, o grupo inaugurou um novo estúdio, o Instant Zero e lançou o EP Instant 0 in The Universe, e teve que recomeçar quase do zero. E ao ter que escolher entre os venais três primeiros discos, optou pela sonoridade circa 94/96 de álbuns como Mars Audiac Quintet e Emperor Tomato Ketchup, tudo isso somado a evolução técnica dos integrantes. Destaques: “Need to be”, “Vonal Declosion”, “...sudden stars” e “Margerine Rock”.
Foda-se quem não gosta do João Gilberto. Hoje é muito comum falar mal dele, dizer que está mais chato e gagá do que nunca etc. É cool não gostar dele. Mas quem se importa. Todo a polêmica se encerra quando se ouve qualquer álbum dele. Por ora, indico Amoroso que junto com João Gilberto (aquele que tem É Preciso Perdoar), são os que tenho escutado freqüentemente. Amoroso foi gravado para a Warner americana com o João acompanhado por arranjador e músicos americanos. Nenhuma heresia, já que o disco é mais jazzístico do que a bossa nova pretende.
Out of Tune representa a definitiva ruptura de Rachel Goswell e Neil Halstead com a música de sua ex-banda, o Slowdive. Segundo disco de uma discografia ainda pequena, Out of Tune é um disco iluminado, daqueles que te colocam um baita sorriso no rosto e uma vontade imensa de abraçar a namorada ou até de dirigir ao fim da tarde. “Who do You Love”, “Some Kinda Angel” e “Caught Beneath Your Heel” já são suficientes para justificar a aquisição do disco. Mas existem outras boas razões. Há quem prefira o também belo Excuses For Travellers, mas Out of Tune vem antes e emociona mais.
Depois da bem sucedida experiência eletrônica de Mobilize (2001), Grant Lee Phillips retorna ao seu sítio habitual, o das canções simples e totalmente acústicas. Phillips ainda possui a mais bela voz do pop atual e compõe com a mesma qualidade dos tempos do Grant Lee Buffalo. Dos temas que compõem Virginia Creeper, são memoráveis “Mona Lisa”, a homenagem a Jane Fonda, “Calamity Jane”, “Lily A Passion” e “Susanna Little”.
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