Stephin Merritt

Por vezes gosto de testar minhas certezas sobre palavras que escrevi e coisas que admiro. É algo recorrente eu deixar de ouvir alguns artistas por meses ou anos depois colocar disco no aparelho e tirar a prova dos nove. Estava certo ou errado?

Fiz isso com os álbuns dos Future Bible Heroes, The 6Ths, Magnetic Fields, Gothic Archies - todos estes projetos do multi-instrumentista, cantor e compositor
novaiorquino Stephin Merritt, artista que geralmente escreve apenas canções de amor.

Não só passou no teste como reiteirou minha crença na sua habilidade para escrever qualquer tipo de canção: elasticidade, polifonia em sua expressão.


Altamente recomendáveis:

The Magnetic Fields: Holiday, Get Lost e 69 Love Songs;
Future Bible Heroes: Memories of Love;
The Gothic Archies: The New Despair;
The 6Ths: Hyacinths & Thistles.

Morrissey - Vauxhall And I (Parlophone, 1994)


Vauxhall And I é um daqueles álbuns que permanece um longo tempo na sua cabeceira, servindo de trilha sonora para alguns momentos contemplativos e até melancólicos.

Morrissey conseguiu escrever seu melhor conjunto de canções depois do fim dos Smiths. Os temas são fascinantes visitam letras irrepreensíveis ("Lifeguard Sleeping, Girl Drowning", "Spring-Heeled Jim", "Why Don't You Find For Yourself") e melodias mais que lapidadas ("Now My Heart Is Full", "The More You Ignore Me, The Closer I Get", "Speedway").

Ouvi pela primeira vez, num CD sem capa e encarte. Naquela época não tinha dinheiro para comprar e nem sabia como encontrar. Fui conseguir uma cópia em vinil em 2000, que guardo com muito orgulho. Depois, finalmente, consegui o CD.

Trilha sonora para toda a eternidade.

Sidney Miller – Sidney Miller (Elenco/Universal, 1967)

Sidney Miller foi um grande cantor e compositor que surgiu na mesma leva de talentos como Chico Buarque e Paulinho da Viola. Com uma voz marcante e diferente, cantava seus sambas e choros mais que existenciais, que denunciavam uma possível carreira errante. Gravou apenas três álbuns e cometeu suicídio em 1980.

Fora de Catálogo há décadas, o relançamento de Sidney Miller vem coroar a melhor surpresa de 2003. Canções como “A estrada e o violeiro”, “Maria Joana”, “Minha Nega” e “Pede Passagem” comprovam a excelência das composições deste artista fascinante.

Sidney começou a escrever aos 17 anos e teve seu trabalho como compositor registrado em 1965, com a gravação de "Queixa", samba feito em parceria com Zé Kéti e Paulo Tiago. Participou de muitos festivais, produziu discos da Nara Leão, sua maior intérprete. Teve Canções regravadas, entre outros, por João Gilberto e Paulinho da Viola.

Mauro Dias, publicou no Estadão em 1 de abril de 2002:

“Quando ouviu as músicas do menino Sidney Miller, em 1966, Nara Leão gostou tanto que não conseguiu escolher uma para gravar. Escolheu cinco.

Falava-se, naqueles tempos difíceis, por metáforas. Mas o interlúdio idílico do carnaval não era, para Sidney Miller, uma atenuante (como apareceu e aparece tantas vezes na música popular); nem mesmo representava um possível motor revolucionário (na tese tão cara a Chico Buarque).

O que se vislumbra nos versos do samba é a desilusão impagável. Os últimos versos dizem: "Vai, balança a bandeira colorida/ Pede passagem pra viver a vida."

Não deram. Sidney Miller suicidou-se no dia 16 de julho de 1980, aos 35 anos.

Deixou obra relativamente curta e, de ponta a ponta, extraordinária. Era comum que se comparassem Sidney Miller e Chico Buarque. Pareciam parecidos - não eram. Em comum, tinham o trabalho de poesia precioso sobre estrutura melódica e harmônica de aparência simples, além do olhar crítico.

Mas o que em Chico sempre foi alento, em Sidney era desilusão. Foi um dos compositores mais tristes da história da música brasileira."

O amor te chama por teu nome




Depois de um frêmito gozo, Pedro virou-se de lado e decidiu dormir. Não sentiu vontade de agradecer o calor da vagina da prostituta que repousava ao seu lado, e que também não parecia muito querer conversar. Dormiu também.

Dos lençóis desfeitos no dia seguinte restava apenas uma nódoa do sêmen derramado e o cheiro de cigarro impregnado quase que eternamente.