sexta-feira, abril 25, 2003






Diálogo sobre a conversão do gentio


[costello3000] Ei, Silvinha, você gosta de White Stripes?
[Silvinha] oi
[Silvinha] gosto sim
[costello3000] estranho.
[costello3000] te peguei pela incoerência hehehehehehehe
[costello3000] não se chateie, por favor
[Silvinha] como assim
[costello3000] quando ouço white stripes só consigo relacionar o som deles com o Led Zeppelin. Uma vez você me disse detestar o LZ. Por isso fiz esse comentário. O Jack White tem a voz quase idêntica a do Robert Plant e as estruturas são diretamente chupadas de clássicos do LZ. Só isso.
[Silvinha] explique-se
[costello3000] não entendeu?
[Silvinha] entendi e concordo com vc. parece led zepellin mesmo...
[Silvinha] mas eu gosto de white stripes e n gosto de led
[Silvinha] estranho, mas acontece...
[costello3000] não consigo entender mesmo. Acho que vc fica chocada com o visual selva do Led
[Silvinha] mas tb nao eh tudo deles q eu gosto...
[costello3000] Poxa, será que eu sou o único "indie" no mundo que gosta de Led Zeppelin??

sexta-feira, abril 18, 2003

Grant-Lee Phillips




Photo by Michael Stipe



Os Grant-Lee Buffalo sofreram uma das maiores injustiças nos anos 90: não tiveram suas qualidades (que não são poucas) reconhecidas como mereciam. Gravaram quatro álbuns irretocáveis que representavam uma América mística, espiritual, sem grandes ufanismos.

Não pára por aí. Os dois álbuns solos de Grant-Lee Phillips caminham a um ostracismo profundo, sobrevivendo na obscuridade - o que para alguns significa um grande charme – mas que entristece, pois merecem muito mais do que o reconhecimendo de um círculo restrito. São as contradições do mundo pop. Paciência.





Grant-Lee Phillips – Ladies’ Love Oracle
Magnetic Field Recordings, 1999


A estréia solo de Phillips foi gravada num porão em apenas três dias do outubro de 1999. Recém saído dos Buffalo, expurgou toda a manada de camadas sonoras para compor canções intimistas. Violões, Pianos, Órgãos e discreta percussão contornam a bela voz do cantor em nove temas (dez, na reedição da Zoë Records). “You’re A Pony”, “Heavenly”, “Flaming Shoe”, “Squint” e “Saint Expedite” fazem parte daquele sublime e seleto clube de canções que se tornam inesquecíveis.






Grant-Lee Phillips – Mobilize
Zoë Records, 2001


Uma surpresa muito agradável, mas que suscitou desconfiança antes do lançamento: Phillips e eletrônica, há combinação?
Pois funciona perfeitamente. As composições continuam acima da média e a expressividade do artista nenhum pouco afetada e ainda traz uma de suas melhores canções: “See America". Há ainda gemas “Humankind”, “Spring Released”, “Sadness Soot” e “We All Get a Taste”.

terça-feira, abril 08, 2003







Leonard Cohen
I'm Your Man, Columbia (1988)


Já que os Smog não se cansam de citar a poesia lúgubre (clichê? É, e dai) de Cohen, vou reprisar o que disse sobre I'm Your Man. É o segundo e último disco de Cohen na década de 80. A sonoridade do álbum é uma evolução natural do anterior (Various Positions, 1984). A utilização de teclados, sintetizadores e bateria eletrônica são coerentes com as composiões (o que não aconteceu no álbum de 1984). É um disco cruel e irônico. A voz, muito mais grave do que o costume, cospe algumas farpas em "First We Take Manhattan": "You loved me as a loser / but now you worried that just might win/ You know the way to stop me / but you don’t have the discipline. / How many nights I pray for this: / to let my work begin". Em "Everybody Knows", o fim do amor é desacreditado enquanto "Ain’t No Cure For Love" e a faixa título evocam lirismo cínico e cafajeste: "If you want a boxer. I will step into the ring for you / And if you want a doctor, I'll examine every inch of you. / If you want a driver, climb inside. / Or if you want to take me for a ride, / you know you can. I’m your man". A bela "Take This Waltz" é o poema "Pequena Valsa Vienense" de Federico Garcia Lorca (do livro "O poeta em Nova Iorque") magistralmente musicado. O grande momento do álbum, porém, é "Tower Of Song", uma das canções mais pessoais de Cohen: "Well, my friends are gone and my hair is grey. / I ache in the places where I used to play. / And I crazy for love but I’m not coming on. / I’m just paying my rent everyday in The Tower Of Song." A capa mostra Cohen, na época 55 anos, comendo banana, situação repetida pelos seus fãs ilustres (Pixies, Nick Cave, R.E.M., entre outros) no encarte do disco tributo "I'm Your Fan" de 1992.

Ouça Supper, dos Smog - Mas conheça o Cohen primeiro.