segunda-feira, setembro 30, 2002

Nem toda Riviera é completamente francesa


Silvain Vanot é o nome do cara. Grande cantor que não se seduziu tanto com a música pop a ponto de sucumbir ao inglês (como eu por exemplo). Ele canta, em francês, as músicas que estamos acostumados a ouvir em inglês. Bom letrista (confira abaixo) ele é uma síntese de todos os bons bardos de língua inglesa: Leonard Cohen, Lloyd Cole, Lee Hazlewood e Hank Willians. Suas canções possuem suavidade e agressividade na medida certa. É certo defini-lo como um polo sincrético de boas canções em variações folk. Quer conhecer? Vá atrás de seu último e belo album: "Il Fait Soleil" (Label).



Il Fait Soleil, Silvain Vanot


Se o Nick Drake fosse francês, certamente teria cantado algo assim:

AURORE

C'est l'histoire d'un soldat
Et d'une fille, mais pas de joie
Qui écoute et parle bas
Je ne vois que toi
Je ne vois que toi
Le bruit du vent dans les feuilles
Ou du hamac sur le seuil
De la maison où tu m'accueilles
Je ne vois que toi
Je ne vois que toi
Oui, je reviens
Oui, si tu veux bien
De moi
Oui, je reviens
Oui, si tu veux bien
De moi
Après l'étreinte le repos
Je pleure la nuit et rêve haut
Tu me réveilles d'un souffle chaud
Je ne vois que toi
Je ne vois que toi
Oui, je reviens
Oui, si tu veux bien
De moi
Oui, je reviens
Oui, si tu veux bien
De moi



Defintivamente não sou "indie"


i am not indie at all!




How indie are you?
test by ridethefader

Who are you trying to fool? Just because you own a couple of Weezer albums
doesn't mean that you're uberindie. Indie people don't hear about cutting edge
new bands from MTV. At least the ignorant don't know what they're missing...

sábado, setembro 21, 2002



How Can You Mend A Broken Heart




How Can You Mend A Broken Heart - Songs From A Warm Saturday


Estou ouvindo uns biscoitinhos agridoces. Comecei o dia com o "Mobilize" do Grant-Lee Phillips. E digo que esse cara tem uma das vozes mais bonitas que já ouvi. Possui elasticidade, indo do grave ao agudo sem a menor firula. Fiquei até meio rouco de tanto repetir o refrão de "Spring Realesed" e quase chorar em "See America" e "Humankind". Depois Ron Sexsmith e o seu penúltimo album "Blue Boy". Esse é o cara que o Rufus Wainwright tenta ser, mas... (ei, não leve a mal, até gosto do Rufus). A canção que mais gostei foi "Thirsty Love", boa como todas as outras, mas com uma letra muito bonita.

Depois ouvi a Gracian Li cantando "How Can You Mend A Broken Heart" de forma cândida, numa sonoridade tosca e entrecortada por ruídos. Um verdadeiro triunfo musical. O single do ano. Ainda mais com uma cover dos Bee Gees. Ela e o Wayne Coyne (Flaming Lips) têm razão ao incensar os irmãos Gibb.

Como não sou famoso nem adianta tentar, mas queria processar o Grant Lee Phillips por ter copiado minha versão para "Candy Says" do Velvet Underground. Pode o cara sacar que eu fiz uma boa releitura da música e gravar primeiro que eu? Brincadeira, é claro. Mas que ficou parecida ficou, embora a voz dele seja infinitamente melhor do que a minha.

Segui com o Maquiladora, grupo californiano totalmente idiossincrático, diferente mesmo de muita coisa que ouvi (voltarei a falar sobre eles). A canção "Ritual Of Hearts" é totalmente cool e "Julian" é de uma estranheza romântica jamais vista.



Bolachinhas Agridoces



Beck, admirado por ter se superado


Sea Change é o Beck definitivo


Sea Change é um dos melhores albuns de 2002. O álbum, que será lançado nos EUA, na terça-feita (24-09) é um belo coquetel de melancolia e sobriedade. Nada de samples, barulhinhos e movimentos dançantes. É um disco tranqüilo e melancólico, muito diferente de "Odelay", "Mellow Gold" e "Midnite Vultures".

Nigel Godrich, que já havia produzido o belo "Mutations" de 1998, soube captar a ambientação necessária para as novas canções de Hansem.

Maduras e coerentes, sem dúvida nenhuma, fazem deste Sea Change o disco mais belo do cantor.









terça-feira, setembro 17, 2002



Sala Desabafo


Estou de saco cheio deste blog. Dá um trabalho do caralho para escrever essas bobagens que não serão lidas e comentadas por ninguém. Estou fatigado desta pretensão de querer dividir o que entendo por bons sons com pessoas que não se manifestam, não entram em contato, não falam nada, nem bem nem mal.

Grande Merda gostar de música pop, achar que ela vai mudar o mundo o nos fazer melhores e mais inteligentes - ao contrário - nos afasta ainda mais das pessoas, cavando um abismo profundo, invertendo estes conceitos, e nos mostrando que somos, de verdade, o vilão da história.

Uma banana para o "bom senso" - uma dinamite para quem se coloca no centro do universo - enfie-a no cu e espere explodir com o mundinho indie, limitado, limitador, alienante.

A cultura alternativa é inútil, inexpressiva - ela realmente existe? - ou só é fruto de idealizadores de um universo falho - que mostra nossa pobreza e carência de coisas mais sólidas - como um belo revólver encostado na têmpora - pronto para disparar e completar o processo de autofagia.

Um beijo,
um dia volto.

domingo, setembro 08, 2002

Mosaicos Cohenianos


Recentemente, numa resenha sobre a discografia do Leonard Cohen, mais propriamente um disco chamado "Death Of A Ladies' Man", eu disse que o Lambchop, Tindersticks e Smog precisariam beber muito para chegarem aos pés de Cohen.

Continuo pensando assim, mas é bom deixar bem claro: amo todas essas três bandas que listei. Não foi com o intuito de depreciá-las que utilizei a comparação. Claro que o Leonard Cohen ganha disparado dessas bandas, mas o que digo é que elas não são tão derivativas e guardam sua originalidade e, apesar das mesmas fontes, são bem diferentes uma das outras.

Para compensar meu mea culpa comentarei, brevemente, três albuns fundamentais desses grupos.




Tindersticks - Tindersticks (This Way Up/London) 1995


Segundo e melhor álbum dos ingleses Tindersticks. Elegante é o adjetivo correto para definir o grupo. O disco inicia-se com a beleza estranha de "El diablo en ol ojo" passando pelas confessionais "A night in", "My sister", com os vocais de apoio de Isabel Monteiro (do Drugstore), "Tiny Tears" e os clássicos "No more affairs" e "Travelling light", um dueto de Stuart Staples e Carla Torgerson (dos Walkabouts) à moda de Lee Hazlewood & Nancy Sinatra. Saiu no Brasil na época pela gravadora Atração e uma boa garimpagem em sebos poderá lhe valer a obra-prima dos caras. Essencial ter na discografia de qualquer ser que aprecie ambientes escuros, bebidas e a companhia de alguém, muito, mas muito especial.




Knock Knock - Smog (Drag City) 1999


O smog faz parte da civilização: a palavra é muito conhecida em muitos idiomas e quase sempre se pronuncia com acerto para descrever um problema vinculado ao desenvolvimento: o da poluição urbana. A palavra reúne dois conceitos, os de "smoke" e "fog", que em português se traduz sem ambigüidades como "fumaça" e "neblina". Nos países de língua espanhola às vezes usa-se uma adaptação da palavra "esmog", e há inclusive quem considere necessário copiar a fórmula para gerar um termo próprio: "neblumo".

Belo conceito é aquele que define o Smog de Bill Callahan, músico que atende por esse nome assim como Chan Marshall atende por Cat Power (que regravou "Red Apples") e grava discos com colaboração de ilustres figuras do mundo alternativo (John McEntire, Jim O'Rourke, entre outros). Músicas feitas para embalar aquelas tardes frias que enregelam a alma num desespero fremente. Callaham segue a escola emulando Leonard Cohen e Scott Walker sem peso na consciência. Melhor para todos, assim a equação de romantismo + música não fica restrita ao passado.

Arranjos de bom gosto, esquisitisse indie na medida certa, Knock Knock reserva mais qualidades das que enumeradas neste post. Corra atrás, nem que seja para ouvir apenas "Cold Blooded Old Times" (presente na trilha sonora de Alta Fidelidade), "Hit The Ground Running" (com direito a corinho feito por crianças), "No Dancing" (com guitarras distorcidas) e a bela ambiência de "Let's Move To The Country", com violinos e violoncelos em profusão.




Is A Woman - Lambchop (Merge/Trama) 2002


Kurt Wagner deu um nó nas espectativas para o novo lançamento do seu Lambchop. Esquecendo do que fez em Nixon de 2000, o grupo partiu para melodias mais simples e tristonhas. O disco é um rosário de melancolia e pode ser definido, ao lado de Restos de un incendio do Migala, como um dos lançamentos mais depressivos do ano. O disco foi bem recebido, mas não sem um amargor daqueles que esperavam uma continuação do disco anterior. Eles mesmos definiram: "não fazemos discos para impressionar a crítica, e sim para nos dar prazer, e seria muito chato ter de refazer Nixon". Destaques: "The Daily Growl", "The New Cobweb Summer", "I Can Hardly Spell My Name" e "The Old Matchbook Trick". Aproveite enquanto existe edição nacional.















domingo, setembro 01, 2002

Stephin Merrit é Gênio



Caros amigos,

Reforço esta idéia: tenho a maior inveja do Stephin Merrit. Sei que só o fato de dizer isso é pretensão exagerada e convenhamos, um saco.

O gênio acabou de lançar o segundo LP do seu grupo Future Bible Heroes, intitulado de "Eternal Youth" . Ainda estou ouvindo o disco e não posso emitir comentário algum, mas adianto que ele me influenciou a escrever este post. Por enquanto, comento três álbuns essenciais concebidos pela genealidade de Merrit:





The Magnetic Fields - Get Lost (Merge) 1995



Antes do lançamento de 69 Love Songs, Get Lost era tido como o melhor álbum do grupo. É um disco coeso e eficiente. Não tão eclético quanto o posterior, mas uma boa amostra da qualidade do grupo. Destaques: o rock "Famous", o baladão "The Desperate Things You Made Me Do", o frescor de "All The Umbrellas In London" e lógico, em se trantando de Merrit, todas as outras canções.





The Gothic Archies - The New Dispair (Merge) 1997


É um mini-álbum de apenas 7 canções. Todas essencias. Apesar de parecer caricatura gótica, o disco passa de mero brinquedo e abusa do rocks que cheiram éter. Destaques: "It's Useless to Struggle", "City of The Damned" e "The Abandoned Castle of My Soul".





Future Bible Heroes - Memories Of Love (Slow River) 1997


Delicioso. Esse projeto lembra bastante as bandas eletrônicas novaiorquinas circa 79/80. Dançantes, reflexivas canções de amor com amargor ideal para Claudia Gonson cantar, escoltada por barulhinhos agradáveis forjados por Chris Ewen e Stephin Merrit. Anacrônico? Sim. Mas muito eficiente. Destaques: "Death Opened A Boutique", "Hopeless" e "Lonely Days".