domingo, junho 23, 2002


Mark Eitzel – Live: 8/6/2002- Gypsy Tea Room, Dallas TX



Falei sobre Eitzel primeiro que a Reuters, mas decidi postar este texo interessante publicado por ela em 22/06/2002



Compositor sadcore Mark Eitzel retorna do inferno em turnê



NOVA YORK (Reuters) - Uma garota está sentada no chão de uma boate lotada em Hoboken, Nova Jersey, aos prantos e segurando um drinque na mão.

Ela é fã de Mark Eitzel, que também dá a impressão de estar a ponto de chorar, enquanto canta suas baladas de mágoa e desespero. Seus olhos se fecham, seus joelhos dobram, e ele está tão bêbado que acaba caindo de costas no chão.

Suas canções não suscitam tantos aplausos quanto incômodo, por serem tão cortantes e profundas. Mais do que um show, o público parece estar assistindo a uma sessão de terapia catártica.

Ao final de cada uma de suas apresentações de uma hora, nas quais ele é acompanhado apenas por um violão acústico, a platéia está exausta. Mas as pessoas deixam o local dizendo que nunca na vida viram nada igual.

"Acho que é meu trabalho me revelar por inteiro", disse Eitzel em entrevista à Reuters. "O problema é que, se você escreve letras arrancadas de sua própria alma, é muito exaustivo ter que cantá-las todas as noites."

Na condição de vocalista da banda American Music Club, de São Francisco, Eitzel foi um dos pioneiros do chamado movimento sadcore, que fundiu cantores folk depressivos como Nick Drake com as atitudes punk expressas por bandas como Joy Division e Husker Du.

A banda conquistou uma base sólida de fãs na Grã-Bretanha e alcançou um pico nos EUA, em 1991, com o álbum "Everclear", no qual tratava sem rodeios da epidemia da Aids.

O álbum foi saudado pela revista Rolling Stone como o melhor do ano e acabou levando a banda a assinar contrato com a Warner Brothers.

Mas o sucesso não continuou, e a banda acabou se desfazendo em 1994.

Como artista solo, Eitzel já colaborou com membros do R.E.M, Sonic Youth e Yo La Tengo, e ampliou seus horizontes para incluir influências do jazz e dos ritmos eletrônicos.

Seu álbum mais recente é "Music For Courage and Confidence", no qual aplica seu estilo eclético a uma série de canções cover.

(Por Derek Caney)




Eitzel sabe como ferir






Velvet Underground


Linhas para o Velvet Underground


Não farei um post muito extenso sobre o Velvet Underground; os caras são horn concurs, muito já foi escrito e não vale a pena discutir o óbvio. Quero apenas mostrar alguns motivos para se gostar do grupo.

1 - The Velvet Underground and Nico (1967) Verve






Sem dúvida nenhuma, o melhor item da discografia velvetiana. O mais famoso album-subestimado-no-tempo-em-que-foi gravado-mas-que-o tempo-senhor das razões-encarregou-de-consagrar. Um disco para se ouvir antes, durante e depois de uma bebedeira. A brutalidade dos versos contrastados com os vocais melodiosos de Nico e Lou Reed em harmonias incríveis levam a essa constatação: sublime é pouco.

2 - White Light/White Heat (1967) Verve






Fundamental para se entender o punk rock e adjacências. Um tratado sobre ruído e experimentação até hoje imitado, mas nunca à perfeição de White Light/White Heat.

3 - The Velvet Underground (1969) MGM







Transição. O terceiro disco do Velvet não tem a presença de John Cale. Mas as colaborações de Doug Yule foram responsáveis por um Velvet mais calmo - atmosfera que teria maior dimensão no álbum posterior, Loaded.

4. Loaded - (1970) Atlantic






Loaded foi gravado num período tulmutuado: confusão entre os integrantes, a gravidez de Moe Tucker e a consequente ausência, que fez com que Billy Yule (irmão de Doug) gravasse as percussões e, por último, a saída de Lou antes do término das gravações.

Esqueça os rótulos do Alternative Country ou mesmo do folk convencional. Esse é um disco que o Wilco, Pavement, Mojave 3, Luna e outros velvetianos desejariam fazer mas...

5 - VU - (1985) Verve






VU é considerado o verdadeiro 4º. álbum do Velvet Underground. O projeto foi abandonado depois da recusa da Verve em continuar lançando os discos da banda. Em 1969 o grupo assinou com a Cotillion, subsidiária da Atlantic, decidiu gravar material novo, "esquecendo" as gravações rejeitadas pela Verve nos porões de algum estúdio em Nova Iorque. Empolgante do início ao fim.

6 - Another Wiew - (1986) Verve






Sobras de estúdio e versões alternativas compõe esse outro ítem obrigatório da discografia do grupo. É como o título diz, uma continuação do VU.



Nico



Há ainda os álbuns gravados ao vivo: Live At Max's Kansas City (1972), Live 1969 (1974), Live MCMXCIII (1993); as caixas: Peel Slowly and See (1995) e Bootleg Series 1: The Quine Tapes (2001) e uma série de coletâneas.

Bom, e se vc não gosta do Velvet, o azar é seu.



Nico e Lou

terça-feira, junho 18, 2002



Music For Courage & Confidence



CORAGEM E CONFIDÊNCIA DO HOMEM INVISÍVEL




Mark Eitzel é um cantor folk americano de voz confortante. Possui seis discos solos na sua discografia. É uma figura pouco conhecida até mesmo no underground. Ainda que Joni Mitchel e Elvis Costello o admirem e as revistas especializadas publiquem resenhas sempre favoráveis aos seus discos, não se fala muito em Eitzel. Sobrevive graças a um público restrito e fiel, e, paralelo às gravações oficiais, alguns discos domésticos repleto de demos, com um número cópias que não ultrapassa 150.

Integrou durante 10 anos e 7 álbuns o American Music Club - um dos expoentes do Sadcore - e chegou a ser contratado pela Warner depois de anos mofando no underground.

Sua primeira incursão solo deu-se em 1991, quando registrou no álbum Songs Of Love, gravado ao vivo no Boderline em Londres, versões acústicas de canções de seu grupo. Logo depois, o single Take Courage (1992) para a Matador Records, denunciava seu desejo de prosseguir solo.

Os dois últimos discos do American Music Club chegaram a fazer um certo barulho e alguns videoclipes foram veiculados na MTV, mas o grupo não vingou e encerrou suas atividades em 1995 após o lançamento do EP Hello Amsterdam.



American Music Club em 1994


Eitzel conseguiu manter-se na Warner por dois álbuns: 60 Watt Silver Lining (1996) e West (1997). Os dois discos não desapontaram os fãs do AMC, mas revelaram facetas mais intimistas nas novas composições.

West teve a presença de Peter Buck do R.E.M., parceiro e instrumentista em todas as canções do álbum. O disco reza pela cartilha folk e pelo lirismo instigante: “Life is short in the laughing gallery /A secret handshake gets you ice cream and a key / To a brand new car that only drives into walls / They'll cut their eyes, All they want... / Is your silence /Breathing helium” – Helium.

Caught In a Trap and I Can’t Back Out ‘Cause I Love You Too Much, Baby (1997) foi o disco que marcou o retorno a uma gravadora independente, a Matador Records. Mezzo acústico mezzo elétrico, Caught In a Trap... apresentou uma banda invejável, formada por Steve Shelley, baterista do Sonic Youth, James McNew, baixista do Yo La Tengo e Kid Congo Powers, ex-guitarrista dos Bad Seeds. Certamente este é o disco mais triste de Eitzel. Os versos ocupam-se das vacuidades das relações, casos amorosos fustrados, relatos de acusações mútuas, de maneira ora impressionista, ora surreal: “I know you've got a plank to walk / I know you've got a kite to fly / and I'll do everything I can / to help you say goodbye / just wanted to fill your soul with light / and free us both from the Ohio day / my touch just makes you draw / farther and farther / and farther away’ – Go Away.

O ano passado foi ótimo para a carreira de Mark Eitzel. O álbum The Invisible Man foi bem recebido pela imprensa e o músico iniciou uma série de apresentações para a divulgação.

The Invisible Man já é considerado a obra-prima de Mark Eitzel e é seu disco mais confessional. Temas como doença, abandono e homossexualismo convivem em meio a atmosferas sombrias. A ambigüidade sexual é apresentada por um prisma humanista. Não se trata de um manifesto gay, atitude pouco apreciada por Eitzel, que certa vez disse numa entrevista à Barners: “When you're gay and you write a love song it's a political statement, and that makes it really difficult for me to write. Also, I guess I'm not all that gay, I'm kind of bisexual. I was with this woman for a few years. I didn't feel I needed to be gender-specific 'cause I just couldn't write a good song and do that, you know?”.

O álbum foi gravado por Eitzel, que se valeu de loops eletrônicos e intervenções acústicas de violão e piano.

Em abril deste ano, Eitzel lançou seu mais novo trabalho, intitulado Music For Courage & Confidence pelo selo texano New West Records. É um disco de regravações gravado em 1998, mas só agora lançado.Há versões de Billie Holliday (“I'll Be Seeing You”), Culture Club (“Do You Really Want to Hurt Me”), Bill Withers (“Ain't No Sunshine”), Phil Ochs ("Rehearsals for Retirement"), Anne Murray ("Snowbird”), Andrea True Connection (“More, More, More") e Curtis Mayfield (“Move On Up”). Mais luxuoso impossível.



Mark Eitzel acredita que o mundo é sustentado pelo vento que sopra através dos cabelos de Gena Howland


Clique e ouça:
Mark Eitzel ao vivo no Morning Becomes Ecletic, KCRW, Santa Monica, CA (1996)


Mark Eitzel ao vivo no Morning Becomes Ecletic, KCRW, Santa Monica, CA(1998)


Dirty Work:


1. No Easy Way Down – 60 Watt Silver Lining (1996)
2. Gentle On My Mind – Music For Courage & Confidence (2002)
3. Can You See? – The Invisible Man (2001)
4. Queen of No One – Caught In a Trap… (1998)
5. Chanel No. 5 – Songs Of Love (1991)
6. Nothing Can Bring Me Down – Songs Of Love (1991)
7. To The Sea – The Invisible Man (2001)
8. Proclaim Your Joy – The Invisible Man (2001)
9. Helium – West (1997)
10. If You Have to Ask – West (1997)
11. Seeing Eye Dog – The Invisible Man (2001)
12. Cleopatra Jones – 60 Watt Silver Lining (1996)
13. Go Away – Caught In a Trap… (1998)
14. Move On Up – Music For Courage & Confidence (2002)
15. Steve I Always Knew – The Invisible Man (2001)


Encore: American Music Club:


1. Johnny Mathis’ Feet – Mercury (1993)
2. Wish The World Away – San Francisco (1994)
3. Goodbye To Love – If I Were a Carpenter (1994)
4. Outside This Bar – Engine (1990)
5. The Revolving Door – San Francisco (1994)


Nancy & Lee


É muito bom começar o dia ouvindo músicas tranqüilas. Fairy Tales & Fantasies - The Best Of Nancy Sinatra & Lee Hazlewood é um ótimo matinal. Único álbum de Lee & Nancy, o disco é um inventário de sublimes canções folks produzidas naquele período.

Antes de conhecer Lee Hazlewood, Nancy era uma moça recatada, conhecida por sua canções ingênuas e por ser filha de Frank Sinatra, mas depois, Lee tornou-se seu produtor, compositor e namorado - associação perfeita que deu origem a vários clássicos:
Elusive Dreams, Some Velvet Morning (a mais bela), Storybook Children, Sundown, Sundown etc.

Lançado em 1967, o álbum foi intitulado de "Nancy & Lee", mas no início dos anos 90, a gravadora Rhino Records o relançou adicionando compactos não constantes do disco originalmente.

Não deixe de ouvir.

domingo, junho 16, 2002



Belle & Sebastian, circa 2001



Bela & Sebastião, 5 anos comigo.


Conheci o Belle and Sebastian em 1997, época de sua ainda obra-prima If Your Felling Sinister. A edição do álbum nos EUA deu-se por um minúsculo selo chamado The Enclave, e hoje, a versão importada, sai pela Matador Records - gravadora ianque dos caras desde The Boy With The Arab Strap. Mas nem sei porque estou falando de selos, ainda por que toda obra do grupo já está disponível no Brasil pela Trama há tempos, incluindo o novíssimo Storytelling.

A primeira impressão que tive quando os ouvi, foi a de que os caras enxertavam Donovan com Nick Drake. Lembro-me que não gostei muito. Foi aquela velha história, uma música e outra foi me conquistando Fox In The Snow, Seeing Other People... e quando me dei conta, amava o grupo, tinha até abandonado - por algum tempo - os discos do Portishead. Adquiri os três primeiros singles nesse mesmo ano (como era fácil comprar cds importados nessa época, que saudade). Depois vieram os outros álbuns que foram consolidando minha admiração.

Baixas


Pouco antes do lançamento de Fold Your Hands Child, You Walk Like A Peasant, o baixista Stuard David deixou a banda para dedicar-se ao Looper, seu projeto paralelo. A banda ficaria sem baixista fixo até 2001, quando no line up do single Jonathan David constava o nome de Bobby Kildea.

Ainda em 2001 a banda veio ao Brasil (sem Isobel), não pude ir, mas os traí viajando 2400 km para ver a apresentação do Luna em Goiânia (não me arrependo).

Agora Isobel deixa o grupo, dois dias antes do lançamento de Storytelling. Triste, mas verdadeiro. Outro integrante de grande importância deixando o grupo.

Consta-me que Isobel era meio fresca, brigava com os outros integrantes e já tinha dado pitis em várias apresentações do grupo. Mas era inegável o charme da presença de Campbell no BS. Talvez tenha optado pelo Gentle Waves, sua outra banda - o que é curioso, pois os integrantes eram basicamente os do BS. O certo é que ela gravou um disco de versões de canções da Billie Holliday.

Perdas e danos


Recentemente o BS perdeu o contrato com a Jeepster Records, que alegou não suportar o peso do grupo. "Nosso relacionamento com a "gravadora" Jeepster não acabou. Eles ainda vão negociar nossos discos antigos, incluindo este que acabou de sair. Foi mais uma decisão deles, na verdade. Acho que estávamos mobilizando mais gente da gravadora do que o que eles gostariam (...) Estamos nos sentindo como aqueles caras que saem de casa de manhã com o CV embaixo do braço procurando emprego", disse Sarah Martin, violinista e eventual vocalista do BS à Claudia Assef, enviada especial da Folha ao Reino Unido. Mas não se enganem, há sujeira, problemas com dinheiro atrás de tudo isso.

Não é o fim


É lamentável o que vem acontecendo, mas penso que a verve artístitca do grupo ainda estará intacta, mesmo com a ausência de Isobel e Stuart. Há muitos caminhos para se descobrir no folk, ele é inesgotável e repleto de fontes seguras - e certamente eles saberão encher os seus cantis.



Isobel Campbell


segunda-feira, junho 10, 2002



Talking Heads em 1979




MEDO DE MÚSICA


Talking Heads


Formado em 1975 na escola de design do estado de Rhode Island, em plena era Punk, os Heads fizeram de sua inabilidade musical o seu grande atrativo, extraíram motivos oblíquos de seus instrumentos num ritmo frenético e dançante.

O grupo era integrado por Chris Frantz na bateria, sua namorada Tina Weymouth no baixo e o amigo David Byrne nos vocais e guitarras. Jerry Harrison (ex-Modern Lovers) viria, mais tarde, juntar-se ao grupo.

Já como um quarteto, lançaram Talking Heads ’77, disco tão avassalador que chamou a atenção de Brian Eno – que se ofereceu para produzi-los. Dessa associação, surgiu o fundamental More Songs About Buildings and Food, um disco perfeito, evolução natural do anterior.

Em 1979 os Heads lançaram a obra-prima Fear of Music, um álbum conceitual, energético e muito diferente dos anteriores; uma coleção de canções herméticas, repletas de riffs memoráveis, uma cozinha impecável, destacando-se o baixo de Tina: leve, de contorno expressionista, somado a um poder de entrosamento com os outros instrumentos, principalmente com a bateria tocada pelo marido, Chris Frantz.

O álbum falava de esquizofrenia urbana, medo, solidão e fracasso da vida moderna. Em “Mind” Byrne tenta alertar um interlocutor sobre perigos que o cercam, mas nem mesmo Byrne, Deus ou drogas o mobilizam – o interlocutor não dá a mínima – constatação da superficialidade e indiferença nas relações humanas. Em “Animals”, Byrne diz não gostar de animais, por eles serem mais espertos que os seres humanos. “Cities” tem um ritmo hipnótico, Byrne cita os pontos negativos das cidades, concluindo que nenhuma delas serve para se morar, seja Londres, Birmingham ou Memphis.

O ano de 1980 foi muito importante para o grupo. Remain In Light é lançado, figurando entre os 5 discos mais importantes da década de 80, numa lista publicada pela Rolling Stone em 89. É inegável a qualidade do álbum: uma mistura de ritmos numa efusão premeditada, produção bem realizada e canções de apelo irresistível (vide “Once In A Lifetime”). Eno que era considerado um quinto elemento da banda, depois de Light, não mais produziria os Heads. Byrne ainda gravaria um disco com Brian Eno, o experimental My Life In The Bush Of Ghosts.

Como era previsível, os álbuns seguintes (Speaking in Tongues, Stop Making Sense, Little Creatures, True Stories e Naked) não repetiram o brilho dos quatro primeiros, mas não comprometeram a qualidade do grupo.

Os Talking Heads encerraram sua atividade em 1992. Byrne há muito lançava seus discos e inevitável foi que optasse por sua carreira solo e o selo Luaka Bop. Chris e Tina mantiveram um projeto chamado Tom Tom Club, que existe desde 1981.

Em 1996, Tina, Chris e Harrison tentaram convencer Byrne a gravar mais um disco sob o nome Talking Heads. Diante da recusa, convidaram muitos vocalistas para No Talking, Just Head (Debbie Harry, Johnette Napolitano, Richard Hell, entre outros). assinaram o álbum como The Heads evitando serem processados por Byrne (que já havia ameaçado), caso utilizassem o nome Talking Heads. Foi uma pena Byrne não aceitar o convite, porque No Talking... é um disco interessantíssimo. Talvez Byrne estivesse acometido de um profundo medo de música.




Os Heads, perto do fim





sábado, junho 08, 2002



Singela homenagem aos Punk Rockers


I Wanna Be Well


Joey Ramone morreu ano passado, Dee Dee recentemente. Tudo bem, morre muita gente no mundo e deve morrer mesmo. Acontece que não consigo ignorar coisas que me fizeram feliz no passado.

Hoje não ouço Ramones e nem quero ouvir... quem sabe? Penso que uma parte da inocência foi perdida num lance “1,2,3,4” dos Ramones.

Lembro-me da estupefação e da alegria que era colocar o vinil do “Rocket To Russia” e ficar pogando na sala, pensando que tinha um cabelo “ramone” e panca de punk. Hoje não suporto coisas muito alegres (besteira, sei).

Dee Dee, foi encontrado morto na quarta-feira (05/06), provavelmente por uma overdose (clichê inevitável do rock). Saiu dos Ramones no fim dos anos 80 e participou de muitos outros projetos.

Não estou triste por Dee Dee ter morrido, não mesmo, ele que se foda!. Mas penso que antigos heróis quando não vivem, deixam o mundo meio oco, sem esperança. Foi assim com Kurt Cobain e será com muitos outros que fazem parte desse clube de suicidas da música pop.

Dois momentos do músico:




Macho Punk




Loirinha Acústica



domingo, junho 02, 2002




Beautiful Losers - Leonard Cohen para iniciantes


Leonard Cohen não é um cantor de fácil assimilação às primeiras audições. A sua voz monocórdica e o instrumental beirando a indigência, não colaboram a princípio. Mas quem aqui está interessado em virtuose? Se estivéssemos, estaríamos ouvindo a Sinfônica de Berlin. Sua discografia (Columbia Records) possui quinze itens, o que torna difícil o trabalho de listar as melhores canções. Enfim, vamos ao trabalho sujo:

1. “Suzanne” – Songs Of Leonard Cohen (1968)
2. “Tower Of Song” – I’m You Man (1988)
3. “Famous Blues Raincoat” – Songs Of Love And Hate (1970)
4. “Waiting For The Miracle” – The Future (1992)
5. “Sisters Of Mercy” - Songs Of Leonard Cohen (1968)
6. “First We Take Manhattan” - I’m Your Man (1988)
7. “Chelsea Hotel # 2” – New Skin For The Old Ceremony (1974)
8. “Take This Waltz” – I’m Your Man (1988)
9. “I Left a Woman Waiting” – Death Of A Ladies’ Man (1976)
10. “Story Of Isaac” – Songs From A Room (1968)

P.S. I Love You:

11. “Nancy” – Live Songs (1973)
12. “Hallelujah” – Various Positions (1984)
13. “A Thousand Kisses Deep” – Ten New Songs (2001)


Para quem deseja iniciar o seu universo como um belo perdedor, deverá desembolsar alguns ardidos reais na encomenda dos importados “The Best Of Leonard Cohen” (1975) e “More Best Of” (1997) e/ou os únicos títulos disponíveis no Brasil via Sony Music: Field Commander Cohen: Tour Of 1979 (2001) e Ten New Songs (2001). Uma dica é conhecer a versão que Jeff Buckley fez para "Hallelujah”.



Retrato do artista quando jovem





Stephin Merrit


Passeando pelos Campos Magnéticos


Ser parecido ao Rob Flemming de Alta Fidelidade não é fazer listinhas, e sim em acreditar demais na música pop. Cada vez mais admirador das composições do Stephin Merrit, ouvi o EP The New Despair do Gothic Archies e cheguei a uma conclusão: eu quero ser Stephin Merrit! Ele manifesta-se de muitas maneiras musicais, tem muitos projetos paralelos e uma voz que lembra os grandes trovadores folk. Ainda convenço a Gracian gostar dele.

Assim como um bom Rob Flemming, vou listar algumas músicas fantásticas para se iniciar no universo Merritiano:

1. Falling Out The Love (With You) - The 6THs Wasp's Nest London 1995
2. Death Opened A Boutique - Future Bible Heroes Memories Of Love Slow River - 1997
3. City Of The Damned - The Gothic Archies The New Dispair Merge 1997
4. I Don't Wanna Get Over You - The Magnetic Fields 69 Love Songs Merge 1999
5. 100,000 Fireflies - The Magnetic Fields Distant Plastic Trees / The Wayward Bus Merge 1995
6. Kissing Things - The 6THs Hyacinths and Thistles Merge 2000
7. Papa Was A Rodeo - The Magnetic Fields 69 Love Songs Merge 1999
8. All My Little Words - The Magnetic Fields 69 Love Songs Merge 1999
9. He Didn't - The 6THs - Hyacinths and Thistles Merge 2000
10. Hopeless - Future Bible Heroes - Memories Of Love Slow River 1997

E N C O R E:

11. Absolutely Cuckoo - The Magnetic Fields 69 Love Songs Merge 1999
12. You You You You - The 6THs - Hyacinths and Thistles Merge 2000
13. I'm Sorry I Love You - The Magnetic Fields 69 Love Songs Merge 1999

Sempre sobra alguma coisa.

Algumas informações

Vocais em Falling Out The Love (With You) é do Dean Wareham do Luna; 100,000 Fireflies, de Susan Anway, integrante do Magnetic Fields nos dois primeiros discos Distant Plastic Trees e The Wayward Bus; Kissing Things, Sarah Cracknell do St. Etienne; He Didn't, Bob Mould, ex-Sugar e Husker Dü; All My Little Words, LD Beghtol; Hopeless, Claudia Gonson; You You You You, de Katharine Whalen e I'm Sorry I Love You por Shirley Simms.



Magnetic Fields




Future Bible Heroes


Se quiser saber mais, visite o site oficial do projetos de Stephin Merrit em http://www.houseoftomorrow.com




Desolation Music

Alguns dos discos mais tristes do rock


1. Songs of Leonard Cohen - Leonard Cohen (Columbia) 1968

É o primeiro e a obra-prima do cantor. Repleto de folk ultra-romântico, o disco foi definido como a melhor trilha sonora para um suicídio. Da primeira faixa (“Suzanne”) até a última (“One of Us Cannot be Wrong") a sensação é de isolação e desespero. Não foi por acaso o que diretor Robert Altman utilizou várias faixas do álbum na trilha de Quando os Homens são Homens, de 1971. A capa do álbum revela um artista com expressão grave numa foto feita pelo próprio cantor e os versos de “Suzanne”, revelava a paixão de Cohen por uma mulher casada, uma verdadeira Suzanne. O lirismo amoroso manifestava-se também em “Hey, That’s No Way to Say Goodbye” e “So Long, Marianne” escrita para sua amada Marianne Jenson. Songs... é e sempre será o disco mais importante de Cohen e da vertente melancólica da música pop.

2. Berlim - Lou Reed (RCA) 1973

Disco crucial na carreira da tia velha, é um album conceitual,triste em todas as nuances, sem espaço para "lalalalalala", um soco
no estômago. Quero ver quem chega ao final de "The Kids" sem que haja um nó na garganta e um arrepio em todas as extremidades do corpo em "Sad Song".

3. Pink Moon - Nick Drake (Hannibal/Island) 1970

O que o produtor Joe Boyd pensava ser apenas o resgistro de uma demo para um próximo álbum era, na verdade, o fundamental terceiro àlbum de Nick Drake. Conta-se que Nick estava profundamente deprimido quando, em duas noites apenas, registrou com voz e violão e um raro piano, seu disco mais dilacerante. Citar uma única faixa é difícil - mas se lembre de "Which Will" e "Things Behind The Sun".

4. Eye Of The Hunter - Brendan Perry (4AD) 1999

"Eye Of The Hunter" do ex-Dead Can Dance, Brendan Perry é uma sublime coleção de canções sobre isolação ("Saturday's Child"). Mas os corações são destruídos já na terceira faixa ("Medusa"). Foi um album subestimado, mas terá seu brilho reconhecido.

5. Arde - Migala (Acuarela/Sub Pop) 2000

Os carinhas espanhóis parecem viver atormentados por acidentes, incêndios ("The Gilty") e outras tragédias. "Last Fool Around" é de chorar, "Arde" é o desespero em forma de canção.




Songs Of Leonard Cohen, Berlim e Pink Moon, devastadores no quesito tristeza



sábado, junho 01, 2002

Ouvi muito Stephin Merrit essa semana.
The Magnetic Fields, The 6THs, Future Bible Heroes.

Os sons que rolaram no meu Winamp foram:

1. Magnetic Fields - All My Little Words
2. Future Bible Heroes - Hopeless
3. The 6ths - He Didn't
4. Luna - Black Postcards
5. Rufus Wainwright - Poses
6. Octaedro - Should I Wait Fot It Again?
7. Tindersticks - We Have All The Time In The World
8. Leonard Cohen - 1000 Kisses Deep
9. Pulp - Bad Cover Version
10. The Magnetic Fields - I Don't Wanna Get Over You
11. Gracian Li - By Just One Way
12. Julio Costello - Waltzing Me All The Way Home (6ths cover)
13. Fellini - As Peles
14. Imperial Teen - Ivanka
15. Migala - El Ultimo Devaneo
Caros amigos,
Esse é o meu novo blog.
Nele publicarei impressões sobre livros lidos e discos ouvidos
por mim nos últimos dias.

Darei algumas dicas legais. Sites interessantes,
dividir um pouco das coisas que gosto.

Um abraço,
espero que leiam sempre que puderem.