terça-feira, dezembro 31, 2002

Melhores de 2002:


1 - Yankee Hotel Foxtrot - Wilco
2 - Yoshimi Battles The Pink Robots - The Flaming Lips
3 - Turn On The Bright Lights - Interpol
4 - Cobblestone Runway - Ron Sexsmith
5 - When I Was Cruel - Elvis Costello
6 - Music For Courage & Confidence - Mark Eitzel
7 - Romantica - Luna
8 - Damien Jurado & Gathered In Song - I Break Chairs
9 - Murray Street - Sonic Youth
10 - Sea Change - Beck

Menção Honrosa:

1 - Eternal Youth - Future Bible Heroes
2 - Plastic Fang - The Jon Spencer Blues Explosion
3 - Close Cover Before Striking - Luna
4 - Burn & Shiver - Azure Ray
5 - Hate - The Delgados


Nacionais:

1 - Amanhã é Tarde - Fellini (Midsummer Madness)
2 - Longo Caminho - Os Paralamas do Sucesso (EMI)
3 - Casino - Casino (Midsummer Madness)
4 - Devil in Disguise - Julio Costello (Palante)
5 - When My Heart Is So Cold - The Flames (Palante)


segunda-feira, dezembro 23, 2002

MARK EITZEL – CANÇÕES DE CORAGEM E CONFIDÊNCIA




Mark Eitzel




Falo tanto sobre o Mark Eitzel neste blog que me esqueci de resenhar seus álbuns. Então para compensar o atraso, comentarei, em breves linhas, os discos que me escravizaram neste ano, sem contar os maravilhosos álbuns do American Music Club, a ex-banda de Mark.





Songs of Love Live (Demon Records, 1991)


Gravado em 17 de Janeiro de 1991 no Bordeline em Londres, Songs contém versões de clássicos do American Music Club, note-se que Mark ainda integrava o grupo. Bem gravado e com repertório acima da média, o cantor imprime uma paixão maior ao cantar suas canções de amor acompanhado apenas de seu violão. “Firefly” (do terceiro álbum do AMC, California) dá início a sessão terapêutica em forma de apresentação musical: “C'mon beautiful we'll go sit on the front lawn / we'll watch the fireflies as the sun goes down”. Mesmo na delicada “Chanel nº. 5”, Mark não economiza emoção.

Difícil manter o coração duro em “Blue and Gray Shirt” – canção composta por ocasião da morte da mãe de Eitzel, nada piegas, sutil como um poema: “I sat up all morning and I waited for you / With my blue and grey shirt on / Yeah I thought that's my lucky one / I'll sit and face the road now / I don't have a heavy load now / I got nothing to keep me hanging around here / From now on / Where's the compassion / To make your tired heart sing / I'm tired of being a spokesman / For every tired thing / There's nothing in the world outside / Just somethings that I see from the side / I'm just a shy boy sitting in a house / When everyone is gone from now on / I sat up all morning and I waited for you / With my blue and grey shirt on / Yeah that's my favorite one / I sat up all morning so why did you call? / 'Cause now I just sing my songs / For people that are gone from now on”.

Não sei se há vídeo dessa apresentação, mas imagino a platéia atônita quando Mark surta na emo “Ouside This Bar”: “outside this bar there's no one alive / Outside this bar how does anyone survive / Together you and me you know we'll never destroy this world / C'mon baby I wish we could destroy this world / Outside this bar / Together you and me turn this quiet night into silence / Together we'll turn this love into violence".

A voz de Mark é habitualmente grave. Macia nos momentos mais intimistas e violenta quando cospe suas ironias e descontentamentos. Quando ele chega à última música “Nothing Can Bring Me Down”, todos os corações já se denunciaram e muitas lágrimas caíram.




60 Watt Silver Lining (1996, Warner Brothers)


Com o fim do AMC em 1995, Mark continua na Warner e lança seu primeiro álbum de estúdio. 60 Watt Silver Lining é o que podemos, sem prejuízo nenhum pelo clichê, chamá-lo de cool e jazzy, melhor ainda é defini-lo como elegante. Inicia-se com a cover de “No Easy Way Down” de Carole King, imortalizada na voz de Dusty Springfield.

“Cleopatra Jones” lembra bastante as canções do American Music Club a letra fala de uma femme fatale que tem o poder de dominar todos os homens: “she can kung fu just like Hercules / Cleopatra Jones / leaves evil men on their knees”.

As highlights são “Mission Rock Resort”: "It's sad when you try and manipulate me / it's sad 'cause I don't love you that way anymore / you're worried if you remembered to use bleach / on a needle / well so what so what / so what so what” e “When My Plane Finally Goes Down”: “When my plane finally goes down / I hope it falls into the sea / and then the cold and the hard love of the tides / finally make sense to me / And your love is all I'll have to take with me / and your love is all I'll have to take with me”.






West (1997, Warner Brothers)

Segundo álbum gravado em estúdio, West foi composto e produzido por Mark e Peter Buck do R.E.M. e poderia muito bem ser creditado ao American Music Club. É um álbum dinâmico, com baladas legais, arranjos sublimes e o habitual sadcore que imortalizou sua banda. “Helium” é o destaque do disco.

O mais interessante desse álbum é que além de lembrar bastante os discos do AMC, tem a participação de Bruce Kaphan (também ex-American Music Club) no arranjo de “If You Have To Ask”.

Para muitos, West é o melhor disco de Eitzel.





Caught In A Trap and I Can’t Back Out ‘Cause I Love You Too Much, Baby (1998, Matador)



Demitido da Warner e novamente independente, Mark lança seu terceiro disco com o título inspirado no refrão de “Suspicious Minds” , hit de Elvis Presley. Caught In A Trap… não repete as fórmulas do álbum anterior, e em 5 das 11 canções há a participção de uma banda completa, formada por Eitzel, James McNew (Yo La Tengo), Steve Shelley (Sonic Youth) e Kid Congo Powers (ex-Bad Seeds), nas outras 6, temos apenas Mark e seu violão.

Inicia-se com os seguintes versos “He's always giving you free advice / on ways you can avoid telling him no / the game of survival / some play it far too well / so much hate to make / so much room in hell” e com a pergunta “Are you the trash /it left behind?”. Bom, neste momento já sabemos que se trata de um álbum triste, amargo e irônico, repleto de canções lentas, melodias belíssimas e letras versando sobre o amor tortuoso, armadilha da qual ninguém deseja escapar. São as chamadas contradições do amor.


O álbum segue literalmente matador com “If I Had a Gun”: “If I had a gun / I know what I would do / I would seal my fate / seal my fate with you”, e “Queen of no one” : “All the unhappy drunks with their broken backs / sooner or later they hang up their hats / but his life is like a cut that won't bleed / leaving him high and dry and stupid with need”.

Impossível descrever todas as canções. Ouça e conversamos depois.





The Invisible Man (Matador, 2001)


Melhor álbum solo de Mark Eitzel. Há letras que falam de desesperança, amizades rompidas, violência. Este álbum é tão importante na discografia solo de Eitzel quanto “Everclear” é para o AMC.

Em Invisible Man, o instrumental é totalmente moderno, selando uma nova etapa na carreira de Eitzel ao transitar livremente e com habilidade, os territórios da música eletrônica somados a motivos acústicos.

“The Boy With The Hammer” começa grave, ao som de um piano. Eitzel narra: “When the boy with the hammer in the bag stands up to cheer/ Then you stand up to cheer”; segue-se “Can You See?”, melodiosa, com clarinetes, trompetes, violão dedilhado e percurssão eletrônica discreta. “To The Sea” é uma homenagem a Jeff Buckley. “Shine” é uma balada deliciosa, sensual sobre desejo: “I wanna win a costume prize / just so i can look you in the eyes / and you’ll finally see me as really ‘somenone’ / and just another heart / that’s always busy being broken – and I know the only costume prize I’ll win – is if I go as the Invisible Man – You could be a wishpering ghost / that floats like a split milk”.

“Steve I Always Knew” já constava em “Lovers Leap USA” de 1998 (gravação caseira de 500 cópias apenas). Aqui a letra ganha maior dimensão, na voz quase sussurrada de Eitzel. Confessional, fala sobre homossexualismo e reabilitação.

“Seeing Eye Dog” é metáfora, “Proclaim Your Joy” tem a guitarra de Vudi (ex-AMC), a canção mais natural do álbum, o mais próximo das canções do American Music Club que poderemos encontrar no disco. Mark sentencia “é importante por toda a sua vida proclamar sua alegria”.

Certíssimo, Mark.





Music For Courage & Confidence (2002, New West)


Gravado em 1998 e somente lançado em abril deste ano Music For Courage & Confidence é um álbum de regravações. Não é comum como outros álbuns de covers. Aqui Eitzel reelabora todas as canções, seja a desconstruir arranjos seja alterar letras.

Não é homenagem, e sim um disco de intérprete, sem a pretensão de pagar tributo aos artistas originais.

O disco tem atmosfera semelhante a Ivisible Man e não comete nenhum pecado e o mais inusitado é a versão de “Do You Really Want Tho Hurt Me”, hit dos anos 80 com o Culture Club de Boy George.
















domingo, dezembro 22, 2002

Casamento Baváro


Quero me casar com alguém feito a Hope Sandoval.


E que cantasse a tarde inteira para mim.

Eu seria realmente feliz.












Escuto direto "Bavarian Fruit Bread", primeiro álbum solo de Hope Sandoval com o apoio dos Warm Inventions. Um pouquinho menos sombrio que os albuns do Mazzy Star, nada inferior a eles.

Quando ouvimos "Suzanne", "Charlotte" e "On The Low", sabemos o motivo da piração pela qual passou William Reid (ex-Jesus & Mary Chain) ao amar Hope.

Inveja, inveja.







Bavarian Fruit Bread

quinta-feira, dezembro 19, 2002

Quinta-Feira estranha e chuvosa:

Nick Cave and The Bad Seeds - Nocturama


O disco ainda não saiu e já estou ouvindo, maravilhas que o soulseek proporciona.
Se é bonito? Bom?
Amigo, estamos falando em Nick Cave. Essa cara não erra.



Nocturama (2003)


Voltarei a falar sobre esse disco.


Tom Zé - The Hips of Tradition


Primeiro album de estúdio de Tom Zé lançado internacionalmente (o primeiro foi a coletânea The Best of Tom Zé). Gravado no Brasil, com músicos brasileiros e pequena participação de David Byrne supera em muito os discos posteriores do cantor. É algo que pode realmente ser considerado tropicalista (entanda-se conceito, arte etc etc).



The Hips of Tradition (1992)


Não sai da minha cabeça:

O Amor é Velho-Menina
(by Tom Zé )

O amor é velho, velho, velho
e menina.
O amor é trilha
de lençóis e culpa
medo e maravilha.

O tempo a vida lida
andam pelo chão,
o amor aeroplanos
O amor zomba dos anos,
o amor anda nos tangos,
no rastro dos ciganos,
no vão dos oceanos.

O amor é poço
onde se despejam
lixo e brilhantes:
orações, sacrifícios, traições.





terça-feira, dezembro 17, 2002

Trilha sonora de hoje.

Sujos e deprimidos.
Acho que é a primeira vez que posto algo sobre grupos nacionais.



Herbert Vianna, Ê Batumaré




Los Hermanos, Bloco do Eu Sozinho

segunda-feira, dezembro 16, 2002

Estou rindo até agora da minha capacidade de escrever uma letra aos moldes dos Tribalistas.

Faça a também a sua no gerador de letras Tribalistas do Mundo Perfeito

Eis minha música Tribalista


Todo mundo no mundo


Faço Salgado no salão Sábio
Divino carro
Ninguém é de todo mundo no mundo

Bis

Seja em Rio de Janeiro, Londres
Vamos Cagar, Vamos Peidar
Lagarta Linda lay me
Vamos Cagar, vamos Peidar
Amor de tia, desmundo!
Girou a Terra, a terra de Maria
Vamos Cagar, Vamos Peidar
Boneco Bobo, na bola


Repita 102 vezes até você ser deportado.

Tcherererêkundu

Quero Cheirar quero Molhar
tem Silhueta no Tomate sonâmbulo
a lua Loira Look me
Quero Cheirar quero Molhar
Tcherererêkundu Tomate
Apagou no lundu.
Lá vem mãe Genivalda

Bis

Bahia, São Paulo, Londres
Encontram meu papai, Iansã
O beijo Burro tem benção
água mole não quer pedra dura
Mas eu quero Cheirar, quero Molhar

Repita 87 vezes até levar um tiro

Menos e mais


Aportei em Goiânia, Lisboa
Dois mais dois é igual a mais
É hora de Gerar, hora de Pernoitar
Avistei Sinal
Quero Sapo no Subida safado

Bis

Lesera ladra leaves me
É hora de Gerar, hora de Pernoitar
Sossega meu irmão, oh yeah!
Sou menos e sou mais Geralda
Sou eu e sou nós
Balanço burro, não brinque
É hora de Gerar, hora de Pernoitar


Repita 75 vezes até que alguém cometa suicídio.







Sonic Youth, 1999



Sonic Love




Sonic Youth, Washing Machine (1995)




Todos os movimentos desse álbum são encantadores: da melancolia controlada de Kim Gordon em "Becuz", do esporro sonoro de "Junkie's Promise", passando pelo celestial dueto entre Kim Gordon e Kim Deal (Breeders) em "Little Trouble-Girl" e a narração incisiva de Lee Ranaldo em "Skip Tracer":

"this she did in public for us to see she came in here too drunk to do the show between the trains and cars, broken glass and lost hub-caps images of a gun row house row house pass through, let the city rise up to fill the screen clothes flung out of closets, doorknobs falling off the guitar guy played real good feedback and super sounding riffs with his mild mannered look on yeah he was truly hip the girl started out in red patent leather very I'm in a band with knee pads we watch her fall over and lay down shouting the poetic truths of high school journal keepers row house row house pass through let the city rise up twister, dust buster, hospital bed I'll see you, see you, see you on the highway now we told so merge ideas, of song forms and freedom miss seafood, miss cheesecake, a couple of miss doughnuts the edge of a blade pressed to the throat of your reflected image poised, yet totally screwed up yes sir, yes sir, step right up None of us know where we're trying to get to what sort of lives where we trying to build now we told so emerged ideas, of song forms and freedom seasons out of life nothing is out of reach L.A. is more confusing now than anywhere I've ever been to I'm from New York City, breath it out and let it in where are you now? when your broken eyes are closed head in a cloudy dream, green and sailboats borrowed and never returned emotions, books, outlooks on life hello, 20-15! hello, 20, 15!"

Nem tudo é duro em Washing Machine. Tente não se emocionar com "The Diamond Sea" e sua coda ensurdecedora.

Sonic Youth é fundamental e faz-me lembrar de coisas legais: faculdade - Fernanda - meus amigos.








quinta-feira, dezembro 12, 2002



Mary Hansen, de vermelho



Integrante do grupo Stereolab morre em Londres


SÃO PAULO (Reuters) - A guitarrista Mary Hansen, do grupo Stereolab, morreu depois de ser atropelada enquanto andava de bicicleta em Londres, informou nesta quarta-feira o site da revista New Musical Express.

Ela tinha 36 anos de idade.

Em um comunicado divulgado pela NME, a banda dizia: "É com enorme pesar que anunciamos a morte de Mary Hansen."

"Mary, vocalista e guitarrista do Stereolab desde 1992, morreu em um acidente de bicicleta em Londres em 9 de dezembro de 2002. Sua morte repentina foi um choque para a banda. Mary era uma pessoa especial. Vamos sentir muita falta dela."

Liderado por Tim Gane (guitarra e teclados) e Laetitia Sadier (vocal e teclados), o Stereolab é considerado um dos mais influentes e experimentais grupos dos últimos dez anos.

A banda ficou conhecida nos anos 1990 com álbuns como "Mars Audiac Quintet" e "Emperor Tomato Ketchup". Seu mais recente lançamento é uma coletânea ao vivo gravada em sessões para a rádio BBC.

.................

Difícil imaginar o Stereolab sem a presença de Mary.


quarta-feira, dezembro 11, 2002




TV, Britta Phillips and Dean Wareham.



Dean Wareham & Britta Phillips num projeto paralelo?


Dean Wareham & Britta Phillips, segundo o produtor Tony Visconti (leia-se boa parte da obra que interessa do David Bowie), formaram um projeto paralelo e estão gravando sob sua produção. O projeto, que ainda não tem nome, tem o estilo Dream Pop e terá composições divididas entre Dean e Britta e covers exóticas.

Não é a primeira vez que Dean grava algo assim. Em 1997 ele e sua mulher Claudia Silver registraram um album de covers ("Six Feet of Chain") na alcunha de Cagney & Lacee.

Esse novo projeto só deve ser coisa boa.



segunda-feira, dezembro 09, 2002

Can You Help Me?

Ajude-me a encontrar estes do cds. Estão fora de catálogo, mas é possível que alguém tenha e queira vender:




American Music Club, California




American Music Club, United Kingdom




Mark Eitzel, 60 Watt Silver Lining


Qualquer notícia, envie-me um mail para costello@bol.com.br

obrigado.


domingo, dezembro 08, 2002




Jovens Gigantes e Influentes


Young Marble Giants
Colossal Youth (1980)
Credit In The Straight World


Go for credit in the straight world
Look a dealer in the eye
Go for credit in the real world
Won't you try?

I got some credit in the straight world
I lost a leg, I lost an eye
Go for credit in the real world
You won't die

Instant credit in the straight world
Leaving money when you die
Lots of credit in the real world
gets you high


Young Marble Giants
Colossal Youth



Recentemente li no Nocturno 76 uma menção ao album "Colossal Youth" dos Young Marble Giants, banda de Cardiff, país de Gales que teve pouca duração e apenas um disco lançado. A citação foi suficiente para me estimular a busca, na minha caixa de cds, do exemplar que possuo e que me custou tempo e dinheiro para conseguir. Ouvi muito esse disco entre 2000 e 2001 e descobri o verdadeiro sentido da palavra minimalismo.

João Lisboa, do sítio Expresso descreveu corretamente a música dos YMG:

"Estrofe, refrão, ponte, estrofe, refrão (ou muito menos do que isso), só com uma caixa de ritmos manhosa, baixo, guitarra e um daqueles órgãos que já nem o professor de música de uma escola primária de aldeia aceita usar. Nas mãos dos irmãos Moxham e na voz de Alison Statton, foi quanto bastou para, após o sismo punk, redescobrir a quintessência a partir da qual a música - toda a música - se inventa. Altura, duração, volume e timbre, as cores primárias. Melodia, ritmo, dinâmica e cor sonora, as consequências. Colossal Youth era só músculo, osso, tecido conjuntivo e nervo musicais, sem mais nada, a não ser o superior talento para transformar os elementos primordiais numa puríssima arquitectura onde nada faltava e nada estava a mais. Era muito pouco mas era o suficiente para se poder voltar a vislumbrar com clareza onde residia a matéria prima sem a qual é impossível começar seja o que for e que, em última análise, se basta a si própria. De um certo modo, também o lançamento da primeira pedra para o edifício a construir. Ou, no caso, a reconstruir. O que, após a hipertrofia patética dos anos 70 e a higiénica cirurgia dos revolucionários de 76/77, era a melhor forma de inaugurar a década de 80 e antecipar todo o resto que se lhe seguiria".







O instrumental, baseado em instrumentos comuns: Stuart Moxham (guitarra e órgão), Philip Moxham (baixo) e Alison Stattons (vocal e beatbox), foi suficiente para influenciar de Beat Happening, Sebadoh, Magnetic Fields, Galaxie 500, Portishead, Stereolab... No Brasil um de seus mais ilustres fãs foi Renato Russo que em fotos, aparecia sempre com uma camisa do grupo, compôs a eletrônica "Por Enquanto" do primeiro disco da Legião Urbana tentando fazer algo parecido com YMG, e os citou na letra de "L'Age D'Or", do album "V".

Colossal Youth é essência ou mesmo estado bruto do pop em seu mais sublime termo. Todas as faixas reservam delícias, sejam melodias ingênuas e assobiaveis, refrões ganchudos.Luciano Vianna editor do "London Burning" classificou sabiamente "Colossal Youth" como "o melhor segredo dos anos 80".



Ficha Técnica:

Produtor: Young Marble Giants/ Dave Anderson
Integrantes: Alison Statton, Philip Moxham, Stuart Moxham
Primeira edição: Rough Trade, 1980
Reedição em Compact Disc: Les Disques Du Crepuscule, 1994

Faixas:
Young Marble Giants
Colossal Youth (1980)

1. Searching For Mr Right
2. Include Me Out
3. The Taxi
4. Eating Noddemix
5. Constantly Changing
6. N.l.T.A.
7. Colossal Youth
8. Music For Evenings
9. The Man Amplifier
10. Choci Loni
11. Wurlitzer Jukebox!
12. Salad Days
13. Credit In The Straight World
14. Brand-New-Life
15. Wind In The Rigging







sábado, dezembro 07, 2002



Óbvio interessante:

strokes
Which The Strokes Album are you ?

brought to you by Quizilla


Congratulations ! You are Is This It, the absolutely best album of The Strokes ! you are a cute back with a leather hand, you don't like much the cops from NYC. if you are a scorpion, your planets of the month are Venus and Pluto.

quinta-feira, dezembro 05, 2002


O motivo:




Elvis Costello: "45"



quarta-feira, dezembro 04, 2002

Em alta estima


Toda minha consideração para os senhores e senhoras do Stereolab:









eu quero:



abc music - the radio 1 sessions


Ouça nem que seja uma vez:



transient random noise bursts with announcements


Tenha sempre à mão:



mars audiac quintet


Prova de fôlego, coerência e dignidade:



sound dust


Eterno:



emperor tomato ketchup















domingo, dezembro 01, 2002



The Velvet Underground, Squeeze




THE VELVET UNDERGROUND – SQUEEZE (Polydor, 1973)


Em agosto de 1970, Lou Reed abandonava o Velvet Underground pouco antes das finalizações de “Loaded”, álbum reconhecido por 98% dos fãs como o último da seminal banda novaiorquina. As gravações foram conturbadas: a ausência de Maureen Tucker, brigas entre Reed e Doug Yule pelo controle do grupo e a direção musical.

Yule decidiu dar continuidade ao trabalho do grupo, pois nunca desejou ser um coadjuvante e sim peça ativa e criativa na banda.

É bom recordar que o baixista cantava algumas canções dos dois álbuns anteriores. São dele os vocais em “Candy Says”, “Who Loves The Sun”, “New Age”, “Lonesone Cowboy Bill”, “Oh Sweet Nuthin’”.





Doug Yule



Squeeze é certamente o disco mais criticado e menos ouvido do Velvet Underground, apesar de muitos não creditarem a esse álbum a autenticidade dos Velvets.

É continuação bem realizada de “Loaded”, álbum em que a schizo-country music impera, algo que hoje chamamos de alternative country. Foi gravado em 1972 por Doug Yule e Ian Paice do Deep Purple (como músico convidado), já que Mauree Tucker havia abandonado o grupo para cuidar de seu bebê em tempo integral e Sterling Morrisson havia se mudado para Austin, para lecionar literatura. Isso faz pensar que o disco é apenas um álbum solo de Yule – e os puristas consideram, não concebem o Velvet Undergound sem Lou Reed.

Curiosidades: Ian Paice afirmou, certa vez, não ter tocado em todas as canções do grupo. Há uma cantora desconhecida, que faz os excelentes vocais de retorno. O álbum só não é relançado em CD porque Lou Reed não permite, puro capricho, fazendo que a maioria dos colecionadores não completem sua coleção por um preço justo. Item raro, Squeeze pode ser encontrado por não menos que US$ 50.

Canções:

Little Jack


Grande introdução. Country rock eficiente, básico com vocal seguro, na trilha de “Lonesome Cowboy Bill”.

Crash

Yule ao piano executando uma cantiga de cabaré. Uma espécie de “After hours” solo.

Caroline


Homenagem a uma integrante do GTO’s. Rock rápido com vocais harmônicos. Uma das melhores canções.

Mean Old Man


Perfeita, parece Lou Reed cantando, bem ao estilo de “Rock and Roll”.

Dopey Joe


Contrabaixo na abertura, seguido por uma guitarra distorcida. Depois assume um ritmo Honk Tonk: piano e belos vocais de apoio da cantora desconhecida.

Wordless


Jazzística como as canções do Steely Dan.

She’ll Make You Cry


Escrita pouco depois da saída de Lou Reed. É um rock simples, sem muitos ornatos.

Friends


Yule compôs essa belíssima canção para o repertório de Loaded, mas Lou Reed, déspota esclarecido do grupo, não permitiu sua inclusão. Acessível e tristonha, pode ser facilmente associada às grandes baladas do grupo.

Send no Letter


Rock “caipira” na esteira do Creedence Clearwater Revival.

Jack & Jane


Isso mesmo. É a seqüência de “Sweet Jane”, do álbum anterior. Irônica, remonta à mágoa de Yule contra Lou Reed.

Louise


Parece uma canção do princípio da banda. Graciosa, bem tocada, grande final para toda a obra do Velvet Underground. Talvez não seja por acaso o tom melancólico dos últimos dois minutos da canção. Doug Yule sabia que a banda acabaria por ali mesmo.




Squeeze, contra capa do álbum


Squeeze é um belíssimo exercício pop e não há motivos para execrá-lo. Criticá-lo é fácil. Não há presença de Lou Reed e existe uma visão de que Yule é o grande vilão do grupo, o que é hilário. Ele tentou apenas manter viva a chama do grupo e conseguiu sim, fazer um ótimo quinto disco. Outra coisa: Foi sacanagem não convidá-lo para a reunião de 1993.

Se você não gostou, amigo, é porque não o ouviu ainda.




Lou Reed e seu 'mui amigo' Doug Yule






Future Bible Heroes, Eternal Youth


Tinha prometido há um bom tempo a resenha do recente álbum dos Future Bible Heroes, projeto de Claudia Gonson, Stephin Merrit (ambos do Magnetic Fields) e Chris Ewen. Como estou cansado e entedidado, sem o menor saco para escrever, o que não vai desmerecer as qualidades desse disco, usarei a clássica prática do Ctrl C / Ctrl V e teremos a melhor resenha que li do album, escrita por Vasco Câmara do sítio português Vivazzi. Não, não pedi autorização nenhuma.

Eternal Youth é sexy, elegante, instigante e todos os bons adjetivos. Ouça, no mínimo, "I am a vampire", "losing your affection" e "the world is a disco ball".



Future Bible Heroes: Eternal Youth (2002, Intinct)


Um dia destes chegará "The Song from Venus - The Musical". Off-off Broadway, como convém, e com a seguinte "storyline": cai algo de Vénus, para fazer com que os terráqueos se apaixonem. É uma invasão sob a forma de disco do amor, e seguindo o modelo de "Os Chapéus de Chuva de Cherburgo", de Jacques Démy: tudo cantado e sem diálogos.

Podemos considerar que antes do musical a invasão já começou? É que caiu do céu um disco chamado "Eternal Youth", dos Future Bible Heroes. Também aqui há ficção científica e musical, asteróides, antenas, vampiros e outros "aliens", virgens que mesmo além-túmulo permanecem inabaláveis, e em que a moral da história diz que "the world is a disco ball/ and we're little mirrors one and all". Ou seja, há filmes da meia-noite - série B, anos 50 - e atmosfera de fim de festa, quando os espelhos da discoteca já só reflectem o vazio, e apenas ficam em fundo os ecos do "synth pop".

Os Future Bible Heroes (FBH) são três, mas dois deles não se deverão importar (seria inútil) quando se diz que os FBH são mais um projecto de Stephin Merritt, ao lado dos Gothic Archies, Magnetic Fields e 6ths. Os outros dois dos FBH são Chris Ewen e Claudia Gonson, aliás cúmplices de Merritt em vários graus nos outros projectos. Mas a ironia é que a sua implicação no som dos FBH vai além da colaboração, é tão decisiva como a de Merritt. Não há muito a fazer, contudo, quando se está no mesmo barco do já lendário autor da enciclopédia do amor e da pop chamada "69 Love Songs". O mundo é injusto?

Correndo o risco da contradição, nem tanto. Este é, de facto, um projecto autónomo dos Magnetic Fields ou dos 6ths. Merritt, que apenas escreve as letras das músicas compostas por Chris para Claudia cantar, é um terço do projecto. Mas a verdade é que se reconhece em "Eternal Youth" o mundo dos Magnetic Fields ou dos 6ths, ou seja, o mundo de Stephin. Como se a poética de Merritt tivesse tomado conta da música de Ewen. A verdade, a verdade, é que foi da música que nasceram estas histórias de amor, vampiras e homenzinhos verdes.

O amor continua a ser um jogo de equívocos, com céus estrelados, pássaros a cantar e tra-la-las, embora as personagens possam ser uma vampira ("I never age and I'll never die/ unlike all the stars in the sky/ I'll be young forever and why?/ cause I'm a vampire", e prefere sangue a cerveja -"I'm a Vampire") ou um alien, a sublinhar o arquétipo da maldição da beleza, em "From some dying star" ("Your lips are red on red/ one kiss and I'll be dead/ it's just like mama said/ cause you're not human/ your hair is gold on gold/ you're seventeen years old/ you make my blood run cold/ cause you're not human").

A ficção científica ou o retrofuturismo (ainda "Doris Daytheearthstoodstill") podem metamorfosear-se numa produção gótica da Hammer, imaginariamente baseada em Edgar Allan Poe, em "Kiss me only with your eyes", história de uma virgindade para além da morte, com Merritt e Ewen a excederem-se na sugestão de atmosferas lívidas.

E continuamos a ter demonstrações do virtuosismo do escritor de canções, que narra como quem se atira de um edifício sabendo que alguém (o talento) o há-de apanhar. É assim na declaração S&M "I'd rather be the dog food in front of the dog/ than be losing your affection" ("Loosing your affection"), ou na incitação ao suicídio, em "Find an open window", que convida, quando estivermos desesperados, a "find an open window/ then without a sound/ climb through and just let go".

"Eternal youth" pode ser tão evocativo e assombrado como um conto gótico dos anos 70 do século XIX e tem temas tão contagiantes como os que se ouviam nas pistas de dança dos anos 70 do século XX (Human League, Orchestral Manoeuvres in the Dark, os eternos Abba). Mesmo em sintonia com os tempos, com a chamada vaga do "electroclash", que traz de volta os sintetizadores.



Future Bible Heroes. Foto: © Gail O’Hara

Camilo, Gracian, Josie, Sparkazul,
sintam bastante inveja.

Eu tenho:




The Magnetic Fields, 69 Love Songs