Music For Courage & Confidence
CORAGEM E CONFIDÊNCIA DO HOMEM INVISÍVEL
Mark Eitzel é um cantor folk americano de voz confortante. Possui seis discos solos na sua discografia. É uma figura pouco conhecida até mesmo no underground. Ainda que Joni Mitchel e Elvis Costello o admirem e as revistas especializadas publiquem resenhas sempre favoráveis aos seus discos, não se fala muito em Eitzel. Sobrevive graças a um público restrito e fiel, e, paralelo às gravações oficiais, alguns discos domésticos repleto de demos, com um número cópias que não ultrapassa 150.
Integrou durante 10 anos e 7 álbuns o
American Music Club - um dos expoentes do Sadcore - e chegou a ser contratado pela
Warner depois de anos mofando no underground.
Sua primeira incursão solo deu-se em 1991, quando registrou no álbum
Songs Of Love, gravado ao vivo no Boderline em Londres, versões acústicas de canções de seu grupo. Logo depois, o single
Take Courage (1992) para a
Matador Records, denunciava seu desejo de prosseguir solo.
Os dois últimos discos do American Music Club chegaram a fazer um certo barulho e alguns videoclipes foram veiculados na MTV, mas o grupo não vingou e encerrou suas atividades em 1995 após o lançamento do EP
Hello Amsterdam.
American Music Club em 1994
Eitzel conseguiu manter-se na Warner por dois álbuns:
60 Watt Silver Lining (1996) e
West (1997). Os dois discos não desapontaram os fãs do AMC, mas revelaram facetas mais intimistas nas novas composições.
West teve a presença de
Peter Buck do R.E.M., parceiro e instrumentista em todas as canções do álbum. O disco reza pela cartilha folk e pelo lirismo instigante: “Life is short in the laughing gallery /A secret handshake gets you ice cream and a key / To a brand new car that only drives into walls / They'll cut their eyes, All they want... / Is your silence /Breathing helium” – Helium.
Caught In a Trap and I Can’t Back Out ‘Cause I Love You Too Much, Baby (1997) foi o disco que marcou o retorno a uma gravadora independente, a Matador Records. Mezzo acústico mezzo elétrico, Caught In a Trap... apresentou uma banda invejável, formada por
Steve Shelley, baterista do
Sonic Youth,
James McNew, baixista do
Yo La Tengo e
Kid Congo Powers, ex-guitarrista dos
Bad Seeds. Certamente este é o disco mais triste de Eitzel. Os versos ocupam-se das vacuidades das relações, casos amorosos fustrados, relatos de acusações mútuas, de maneira ora impressionista, ora surreal: “I know you've got a plank to walk / I know you've got a kite to fly / and I'll do everything I can / to help you say goodbye / just wanted to fill your soul with light / and free us both from the Ohio day / my touch just makes you draw / farther and farther / and farther away’ – Go Away.
O ano passado foi ótimo para a carreira de Mark Eitzel. O álbum
The Invisible Man foi bem recebido pela imprensa e o músico iniciou uma série de apresentações para a divulgação.
The Invisible Man já é considerado a obra-prima de Mark Eitzel e é seu disco mais confessional. Temas como doença, abandono e homossexualismo convivem em meio a atmosferas sombrias. A ambigüidade sexual é apresentada por um prisma humanista. Não se trata de um manifesto gay, atitude pouco apreciada por Eitzel, que certa vez disse numa entrevista à Barners: “When you're gay and you write a love song it's a political statement, and that makes it really difficult for me to write. Also, I guess I'm not all that gay, I'm kind of bisexual. I was with this woman for a few years. I didn't feel I needed to be gender-specific 'cause I just couldn't write a good song and do that, you know?”.
O álbum foi gravado por Eitzel, que se valeu de loops eletrônicos e intervenções acústicas de violão e piano.
Em abril deste ano, Eitzel lançou seu mais novo trabalho, intitulado
Music For Courage & Confidence pelo selo texano
New West Records. É um disco de regravações gravado em 1998, mas só agora lançado.Há versões de Billie Holliday (“I'll Be Seeing You”), Culture Club (“Do You Really Want to Hurt Me”), Bill Withers (“Ain't No Sunshine”), Phil Ochs ("Rehearsals for Retirement"), Anne Murray ("Snowbird”), Andrea True Connection (“More, More, More") e Curtis Mayfield (“Move On Up”). Mais luxuoso impossível.
Mark Eitzel acredita que o mundo é sustentado pelo vento que sopra através dos cabelos de Gena Howland
Clique e ouça:
Mark Eitzel ao vivo no Morning Becomes Ecletic, KCRW, Santa Monica, CA (1996)
Mark Eitzel ao vivo no Morning Becomes Ecletic, KCRW, Santa Monica, CA(1998)
Dirty Work:
1. No Easy Way Down – 60 Watt Silver Lining (1996)
2. Gentle On My Mind – Music For Courage & Confidence (2002)
3. Can You See? – The Invisible Man (2001)
4. Queen of No One – Caught In a Trap… (1998)
5. Chanel No. 5 – Songs Of Love (1991)
6. Nothing Can Bring Me Down – Songs Of Love (1991)
7. To The Sea – The Invisible Man (2001)
8. Proclaim Your Joy – The Invisible Man (2001)
9. Helium – West (1997)
10. If You Have to Ask – West (1997)
11. Seeing Eye Dog – The Invisible Man (2001)
12. Cleopatra Jones – 60 Watt Silver Lining (1996)
13. Go Away – Caught In a Trap… (1998)
14. Move On Up – Music For Courage & Confidence (2002)
15. Steve I Always Knew – The Invisible Man (2001)
Encore: American Music Club:
1. Johnny Mathis’ Feet – Mercury (1993)
2. Wish The World Away – San Francisco (1994)
3. Goodbye To Love – If I Were a Carpenter (1994)
4. Outside This Bar – Engine (1990)
5. The Revolving Door – San Francisco (1994)